Yob - Our Raw Heart

Hoje falaremos de um dos álbuns mais esperados até o momento no mundo da música pesada, lançado por uma banda que dialoga muito com a parte mais Stoner/Doom/Post-Metal/Sludge do cenário atual. Trata-se do Yob e seu novo álbum Our Raw Heart, lançado no dia 08 de Junho pela Relapse Records.

Yob é uma banda de muita história no circuito do Rock n’ Roll mundial. Oriundo do Oregon, esse power trio americano foi fundado em 1996 e lançou sua primeira demo em 2000 chamando a atenção de toda a mídia especializada. Mais tarde, ao lançar seus primeiros discos, começou a caminhar ao lado de um seleto grupo de bandas como Neurosis, Sleep e Electric Wizard.

A banda possui características bem marcantes e distintas além do andamento típico do Doom. Podemos destacar as durações infinitas de suas canções, os vocais meio Geddy Leeticos de Mike Scheidt, as grandes transições e as voltas dadas pelas composições chegando em momentos épicos simultaneamente pesados e com influências psicodélicas. O que isso tudo quer dizer? Yob é um prato cheio para quem gosta da boa música no geral e não somente para os amantes do Rock. Caso você não conheça a banda, pode começar com The Great Cessation (2009), voltar para Catharsis (2003) e ouvir o bom Clearing the Path to Ascend (2014).

Composto hoje por Mike Scheidt (Guitarras e Vocal), Aaron Rieseberg (Baixo) e Travis Foster (Bateria), o trio passou por poucas e boas antes do lançamento deste novo trabalho. Isso porque Mike Scheidt, membro fundador da banda e principal compositor, acabou sofrendo por mais de um ano com diverticulite, uma doença muito séria que ataca o estômago. Entre ataques e tratamentos, o cantor teve que ser hospitalizado diversas vezes e em uma delas acabou sendo submetido a uma cirurgia que causou diversas alucinações e muita dor. Graças a todos esses acontecimentos, o vocalista precisou reaprender coisas básicas, como a fala e até técnicas de canto. Não bastando todo esse quadro, Scheidt ainda sofreu com uma grave infecção que contraiu enquanto estava no hospital. O lado menos pior dessa história toda é que todas as músicas de Our Raw Heart foram compostas no período pós-cirúrgico e é delas que vamos falar agora.

Apesar de todo o disco conseguir fugir um pouco das amarras do passado e ter músicas na casa dos seus 10 minutos, a faixa título “Our Raw Heart” e “Beauty in Falling Leaves” ainda chegaram perto da marca dos 15 minutos de duração, a segunda chegando em dezesseis. As variações temáticas sonoras nas músicas foram sempre constantes e com certeza o toque mais emotivo nas faixas é um ponto a ser notado.

A música “Ablaze” inicia o disco da maneira esperada. A voz de Mike está ótima e com aquele leve tom Geddy Lee de sempre. As transições na música são absolutamente fantásticas, opondo momentos mais pesados com passagens mais calmas e relaxantes. Os repetitivos riffs de guitarra ao fundo não enjoam mesmo após 10 minutos de música e a cozinha da banda arrepia todos os seus cabelos com diversos arranjos e viradas. Falando em repetição e peso, “The Screen” não deixa a desejar em nenhum desses quesitos e abre os seus ouvidos para “In Reverie” e toda a sua imensa introdução.

A seguir podemos destacar “Beauty in Falling Leaves”, uma linda cartada tirada das mangas de Mike Scheidt e cia. mostrando que o lugar de destaque e distinção conseguido pelo Yob até hoje na indústria não é por acaso. “Original Face” é sem dúvida a música mais rápida desse disco. Com uma pegada mais post-metal, vocais diferentes do restante do trabalho e inspirações no começo dos anos 2000 da banda, se destaca como algo diferente no meio das outras composições.

A conclusão que chego ao ouvir Our Raw Heart é que Yob utilizou um pouco de todas as suas táticas e meios de composição para chegar ao resultado final. Com 7 faixas e um total de 1 hora e 13 minutos de duração o disco não te cansa, por mais incrível que pareça. Acho que a banda levou o lado emocional muito a sério nesse trabalho, até o contexto todo envolvendo Mike com certeza deve ter ajudado. Apesar de saber disso, eu gostaria de ter ouvido uma composição com um pouco mais de velocidade e raiva, como os trabalhos mais antigos. Porém, o álbum em seu contexto geral é coerente e dá nova vida para a banda após 4 anos sem nenhum lançamento. Não me surpreenderia se o visse nas listas de melhores do ano. Acho que pelo menos na minha ele vai entrar.

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