James Bay - Electric Light
Foto: Divulgação

Por Nathália Pandeló Corrêa

James Bay pode não ter fugido a comparações no seu primeiro disco, Chaos and the Calm, lançado em 2015. Mas agora, três anos depois, o cantor inglês vai além de alcunhas duvidosas como “novo John Mayer” e se torna, de fato, o novo James Bay.

Electric Light, seu novo álbum, traz uma sonoridade repaginada e sem medo de ser pop. Isso não quer dizer que ele tenha aberto mão das guitarras, ora delicadas, ora blueseiras que fizeram todo o apelo dos sucessos de Chaos and the Calm, como “Let It Go” e “Hold Back The River”. Mas, como o próprio artista define, se o primeiro disco foi uma chama, Electric Light é a evolução desse conceito: brilha mais forte e mais iluminado que a sua versão anterior.

Para sua estreia, Bay recorreu ao produtor Jacquire King, que havia trabalhado com nomes de Norah Jones a Kings of Leon, de Melissa Etheridge a Tom Waits. Agora, era hora de dar um passo adiante, e Bay co-escreveu e co-produziu o novo trabalho com o amigo e colaborador de longa data, Jon Green — e trouxe Paul Epworth (Adele, Florence + The Machine) para adicionar elementos finais de produção ao álbum. Outra colaboração é de James Napier, que assina e co-assina hits como “Rather Be”, do Clean Bandit, e “Latch”, do Disclosure. Ele é um dos compositores de “I Found You”, uma das músicas mais íntimas do disco.

O resultado é uma coleção de canções ainda mais radiofônicas. Antes, músicas como “Collide” e “When we were on fire” faziam a conexão entre os mundos pop, folk e blues, sempre alternando entre guitarra e violão. Não mais. Electric Light coloca à frente todo o seu potencial pop com bons refrões, batidas dançantes, backing vocal quase gospel que entrega a vocação do James Bay letrista. Seja nos hits mais óbvios, como “Pink Lemonade” e “In My Head”, ou nas baladas “Wild”, “Fade out” e “Us”, boa parte das canções cresce até atingir um coro fácil, marcante, chiclete. Não se surpreenda se perceber que está batendo palmas — “Wanderlust” e “Stand up” até convidam a isso.

Mas Electric Light não é pop apenas por ser. As canções estão contando uma história, permeada por interlúdios falados, como que cenas de um filme (as vinhetas foram escritas e dirigidas pelo próprio Bay). E, embora as baterias eletrônicas sejam uma parte intrínseca do disco, elas dividem espaço com as guitarras, órgãos, violões. Efeitos mais modernos se mesclam a beats oitentistas e sintetizados, culminando na última faixa, “Slide”, uma canção apoiada inteiramente no piano e nos vocais que termina com um sample de Allen Ginsberg em seu poema “Song”. Contrastando com os grandes coros das músicas anteriores, ela entrega vulnerabilidade. “Slide” deixa a sensação de que o James Bay eletrônico e pop coexiste com o de “Chaos and the Calm” — e tudo bem.

Electric Light traz um frescor para a música pop atual. Um disco plural que transforma uma grande variedade de influências em uma das suas maiores vantagens.

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