Foto: Rael Barja

A cantora, compositora e pianista carioca Tais Alvarenga lançou no último mês de Março seu disco de estreia, Coração Só.

Não coincidentemente, o trabalho de estúdio foi lançado no Dia da Mulher, 8 de Março, e traz uma reflexão sobre os altos e baixos de um relacionamento amoroso em formato de um indie bem gosto de se ouvir.

Conversamos um pouquinho com a cantora sobre o lançamento e você pode conferir a entrevista abaixo!

TMDQA!: Olá! Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória até aqui e como chegou até seu álbum de estreia, Coração Só, lançado no Dia Internacional da Mulher.

Tais: O processo deste disco começou depois que voltei da Berklee. Voltei com a cabeça muito diferente. Fiquei um tempo reabsorvendo a cultura brasileira. Queria mesmo fazer um disco para o meu país. Demorou um pouco para encontrar uma célula de composição que fosse mais genuína e tivesse uma narrativa verdadeira. As canções deste disco foram feitas em momentos diferentes, mas todas elas fazem parte de uma mesma célula. Gravei algumas delas várias vezes. Era muito difícil sair do piano e voz e encontrar os arranjos. Tinham muitas possibilidades. Não tinham muitas referências de pianistas brasileiras então o processo era ainda mais complexo. O encontro com o Pupillo (Nação Zumbi) foi o ponto que mudou tudo. Junto com ele consegui encontrar a força que este disco teria.

A luta da mulher é importante pra mim. Numa época onde muitas mulheres ainda se sentem frágeis de dizer o que sentem e pensam. Que não se sentem livres para querer relações profundas. Este disco é uma exposição enorme, pra encorajar a sociedade a ser mais verdadeira. Que a verdade não seja só um lapso de tudo o que inventamos. E que a força da mulher esteja na sua verdade.

TMDQA!: Muito se falou a respeito do Dia da Mulher e de como há muita gente que dá parabéns na data e o ano todo desrespeita as mulheres. O que é o Dia da Mulher em 2018 para você? Como pensou em lançar o disco nessa data?

Tais: Este é um disco intenso, verdadeiro e forte. Autobiográfico. É quase um convite para que as mulheres — e qualquer pessoa — possam ser o que realmente são. Mas, principalmente, para a mulher fazer suas escolhas sem parâmetros impostos. Mesmo estes de hoje em dia relacionados ao empoderamento. A mulher pode ser profunda, pode ter amor gigante no peito, pode ser o que quiser. Essa data significa muito pra mim, desde que cheguei no Brasil foi muito difícil conquistar espaço e ser respeitada como mulher. Ainda é um esforço pra mulher chegar em algum lugar. Temos muito a conquistar. Ser verdadeiro hoje em dia é estar na contramão de tudo. Essa data era própria para trazer algo intenso e verdadeiro.

TMDQA!: Seu álbum foi produzido por grandes nomes da música brasileira, Pupillo e Carlos Trilha. O convite partiu de que lado? Que características ficaram presentes no álbum que você acha que não estariam lá se não fosse por eles?

Tais: Tantas características. Este disco é tão deles quanto meu. O Pupillo foi um encontro pensado pelo meu presidente da Sony. Ele achou que seria uma junção forte, que acerto! Trilha entrou no início do processo também. Quando o conheci, não acreditei que existia um profissional como ele no Brasil. Ambos são muito fortes em tudo o que fazem. Foi uma honra muito grande trabalhar com os dois. Passamos muito tempo definindo cada detalhe deste disco. Às vezes passávamos tardes só ouvindo música e discutindo, repetindo as canções. Trilha é um profissional que não mede esforços nem tempo para chegar no resultado. E o Pupillo traz muita verdade. Música está em primeiro lugar para ele.

TMDQA!: Para alguém que nunca ouviu seu som antes, como você o definiria?

Tais: Ui, que difícil. Acho que temos um quê de Fiona Apple. Seria alternativo, indie. Intenso. (risos)

TMDQA!: Ao definir o disco, Marcus Preto disse que a narrativa do álbum é como um roteiro de filme de amor, cheio de grandes momentos, mas também de muita dor. As canções desse álbum são autobiográficas? Como foi tirar o peso das experiências passadas das costas e transformá-las em canções?

Tais: São autobiográficas. Compor sobre o que se está sentindo à flor da pele é sempre libertador. Muitas vezes o amor não cabe nas circunstâncias da vida, mas acho que na música, ele consegue ser gigante como ele é e tocar as pessoas como na vida às vezes não conseguimos. É um assunto complexo. Ter lançado esse disco e falar sobre tudo isso ainda está me modificando. Temos um caminho enorme para entender como lidar com tudo isso. A sociedade está cada vez mais superficial. A verdade é só um lapso de toda ilusão. E cantar sobre isso está me fazendo encontrar com mais força o que acredito.

TMDQA!: Quais são os próximos passos na sua carreira após o lançamento desse disco?

Tais: Quero fazer shows. Encontrar as pessoas que se identificam com tudo o que está sendo cantado nesse disco. Acredito que sejam pessoas do amor. A troca será linda.

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?

Tais: Tenho muitos discos, mas tenho mais amigos. (risos)

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