fuzz
via effectsdatabase.com

Rock’n’roll lembra guitarra (ou lembrava, né?).

E quando falo em guitarra elétrica, aposto que você pensou num som distorcido – seja David Gilmour “cantando” com sua Fender em “Comfortably Numb” ou o rangido retorcido de Jack White em “Seven Nation Army”.

Pode ser o riff quase punk de “Communication Breakdown” de Jimmy Page, ou os ataques excêntricos de Malkmus em “Stereo”, do Pavement, ou a intro de “Satisfaction”, dos Stones. Fato é, todos esses sons foram produzidos por gente genial com uma guitarra, um amplificador e um pedal de… fuzz.

Dos sons pitorescos tentando simular cítara e trompetes da década de 60, até os sons saturados do stoner rock, passando por bandas mais pop como Switchfoot (ouçam “Mess of Me”), o fuzz tem sido constante presença no arsenal de guitarristas. Era um dos efeitos favoritos de Hendrix ao longo de sua carreira, e também foi usado por jazzistas como John Abercrombie.

Enquanto é complicado explicar em palavras como diferem drive, distorção e fuzz, é fácil dar exemplos de bons registros do pedal. Reparem no som do Smashing Pumpkins, como é mais sujo e agressivo do que o do AC/DC, por exemplo.

Se 1960 foi um período rico para o fuzz, os 80 viram seu declínio, com o efeito perdendo o reinado no mainstream para pedais mais modernos. Porém, em ostracismo, o pedal ficou barato, indo parar nas mãos de bandas e músicos iniciantes como o jovem J. Mascis (Dinosaur Jr.), que adotou um pedal de fuzz como seu som principal – o Big Muff.

Esse é um pedal que está até hoje em produção, tornou-se ícone do efeito e é um dos únicos que tem um site só pra contar sua extensa história. Ele se tornou assinatura imediatamente reconhecível para a banda e o guitarrista – hoje uma das referências no efeito. Sonic Youth, My Bloody Valentine, Jesus and Mary Chain são outros exemplos de uso do fuzz.

Agora, nada mais fuzzy do que o EP de estreia do Mudhoney, Superfuzz Bigmuff – nome de dois pedais clássicos de fuzz (e não ironicamente, ‘Mudhoney’ hoje também é nome de um pedal).

Pra terminar essa pequena viagem por esse som torto, sujo e muitas vezes mau compreendido, não posso deixar de mencionar honrosamente um dos sons de fuzz mais desejados do underground: o som de Sérgio Dias no Mutantes.

Seu irmão e “Professor Pardal”, Cláudio César Dias Baptista, desenvolveu uma guitarra (a Regvlvs) que, dentre outras inovações, incluía uma chave para acionar um fuzz acoplado no interior do instrumento. Digite “mutantes fuzz” no Google e veja quantos pequenos fabricantes oferecem uma recriação do dispositivo. Yes, nós temos fuzz, e para exportação.

P.s. Deixei de fora muitos nomes clássicos que usaram o efeito. Fiquem à vontade para, nos comentários, citar seus artistas favoritos.

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