Barão Vermelho no Circo Voador
Foto: Pedro Henrique Pinheiro

Temos aqui um diálogo entre gerações do rock brasileiro.

Uma delas é uma banda jovem, a Beach Combers, que surgiu em 2009. A outra é uma das bandas mais importantes da história do nosso rock, o Barão Vermelho, que, entre hiatos e trocas de integrantes, existe há mais de 35 anos.

O encontro aconteceu no último sábado (27 de Janeiro). As bandas se apresentaram no Circo Voador, uma das casas de shows mais importantes da cidade, localizada no bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro.

 

Os Beach Combers mostram o seu Beach Attack!

Beach Combers no Circo Voador
Foto: Pedro Henrique Pinheiro

Há alguns dias, conversamos com os Beach Combers sobre os novos projetos da banda. Esse show representaria um passo importante, uma vez que seria a estreia ao vivo do novo álbum do grupo, Beach Attack, lançado no dia anterior.

Um desafio, no entanto, com certeza passava na cabeça dos integrantes. Apesar de ser algo muito significativo abrir para o Barão, como seria mostrar as músicas novas ao vivo para um povo em maioria mais velho?

Acontece que o grupo entregou um excelente show! Tocando o novo álbum na íntegra, os Beach Combers atraíram a atenção do público que estava ansioso pelo show do Barão Vermelho. Pessoas das mais diversas idades dançavam o surf rock instrumental tocado pelos Combers.

A estrutura preparada para o show foi diferente e chamou atenção. Aliás, não tinha como não ser assim, uma vez que o show em si começou com um som de motor microfonado. Tratava-se do fusca oficial da banda, o Beach Móvel, que ficou parado ao lado do palco durante a noite toda.

Beach Combers no Circo Voador
O Beach Móvel, veículo oficial dos Beach Combers. Foto: Pedro Henrique Pinheiro

O palco foi montado fora da lona do Circo e, portanto, a banda não dividiu palco efetivamente com o Barão. Mas a estrutura manteve a identidade dos Beach Combers: proximidade com as pessoas. Tocaram na mesma altura do público, que era capaz de ver a apresentação tanto na frente quanto ao lado do palco.

O show teve participações especiais que fizeram parte da gravação do Beach Attack. Anderson Coutinho se juntou ao grupo em algumas músicas tocando teclado e teremim. A última música da setlist, “Expresso da Meia Noite“, contou com a participação de Fabióla, do grupo Os Camelos.

 

“A versão nova de uma velha história”: o Barão Vermelho está de volta!

Barão Vermelho no Circo Voador
Da esquerda para a direita: Márcio Alencar, Rodrigo Suricato, Fernando Magalhães e Maurício Barros. Foto: Pedro Henrique Pinheiro

O ano de 1982 é considerado um dos anos mais importantes para o rock nacional. Foi nesse momento, há aproximados 36 anos, que bandas como Barão, Blitz, Kid Abelha e Titãs começariam um novo movimento na música brasileira. E o Circo Voador, na época ainda no bairro do Arpoador, foi um lugar de suma importância.

Rodrigo Suricato, o novo vocalista da banda, apontou isso durante o show. Não é um palco qualquer para o grupo, e aquele seria, apesar de um momento de experimentação com o novo cantor, um momento bastante simbólico. Talvez os mais aptos a lembrar de tudo, o tecladista Maurício Barros e o baterista Guto Goffi, que fundaram o Barão no início da década de 80, tenham sentido isso mais na pele do que qualquer outro presente. O fato é que o grupo mostrou segurança e conforto em cima do palco, desde a abertura do show com a animada “Pense e Dance“.

Rodrigo assumiu o lugar do ex-vocalista Frejat e mostrou firmeza e segurança ao cantar com uma das bandas mais importantes para a história do rock nacional. É um novo capítulo na história do Barão Vermelho. Na primeira metade do show, o novo membro usou um verso escrito por Cazuza para descrever a retomada do grupo: “É a versão nova de uma velha história”. O trecho pertence à canção “Down Em Mim“, do álbum de estreia do Barão, que foi tocada logo depois.

A banda proporcionou a seu público um excelente momento. Nostálgica para o público mais velho, a apresentação viu no vocalista a presença de um símbolo jovem, fazendo uma conexão com o momento atual do nosso rock (o qual o próprio representou com a banda que dá o seu “sobrenome”, Suricato).

As diversas gerações dançaram, pularam e cantaram a plenos pulmões as músicas atemporais do grupo. Os constantes discursos, o carisma do guitarrista Fernando Magalhães e alguns trechos em que o público se destacava cantando (como foi em “Por Você” e “Exagerado“) aproximou a banda do público.

A setlist do grupo foi composta por 23 hits compostos ao longo de sua estrada, tanto na voz de Frejat quanto na de Cazuza. Basicamente, o público presenciou uma retrospectiva dos quase 40 anos de Barão Vermelho. Passou por todos os momentos e álbuns lançados pelo grupo, desde o homônimo primeiro álbum de estúdio (de onde nasceu “Down Em Mim” e “Ponto Fraco“) até o último álbum oficial, também homônimo, lançado em 2004 (junto ao hit “Cuidado“).

E por falar em álbum de estúdio, ouvimos da boca de Maurício Barros que, se tudo der certo, um novo álbum de inéditas do Barão surgirá ainda em 2018. O anúncio veio logo depois que o fundador do grupo assumiu os vocais para cantar duas músicas, enquanto Suricato fazia a guitarra base.

Entre momentos altos do show, nos quais o público se mostrou mais animado, temos as músicas “Bete Balanço“, “Bumerangue Blues” e “Puro Êxtase“.

Após o típico final falso de show com “Maior Abandonado“, o grupo voltou ao palco para tocar mais três sucessos: a homenagem a Cazuza “O Poeta Está Vivo” , “O Tempo Não Pára” e o encerramento com “Pro Dia Nascer Feliz“, uma das canções mais importantes do grupo, que ganhou enorme destaque na primeira edição do Rock in Rio.

Confira abaixo as setlists e algumas fotos dos shows que protagonizaram essa noite inesquecível:

Beach Combers:

  1. “Go Go Beach Combers”
  2. “Tá Tudo Bem”
  3. “O Mistério do Catamarã”
  4. “Gambiarra”
  5. “Já Te Falei”
  6. “Rockstar da Lapa”
  7. “O Baile das Mariposas”
  8. “Me Encontrei na Paulista”
  9. “Carta de Sangue”
  10. “Rei da Praia”
  11. “Última Chance”
  12. “A Maldição de Montezuma”
  13. “Expresso da Meia Noite”

 

Barão Vermelho:

  1. “Pense e Dance”
  2. “Ponto Fraco”
  3. “Carne de Pescoço”
  4. “Bete Balanço”
  5. “Eclipse Oculto”
  6. “Eu Queria Ter Uma Bomba”
  7. “Meus Bons Amigos”
  8. “Bumerangue Blues”
  9. “Amor, Meu Grande Amor”
  10. “Down Em Mim”
  11. “Tão Longe de Tudo”
  12. “Por Você”
  13. “Por que a Gente é Assim?”
  14. “Cuidado” (com Maurício Barros no vocal principal)
  15. “Malandragem Dá um Tempo” (com Maurício Barros no vocal principal)
  16. “Declare Guerra”
  17. “Brasil”
  18. “Puro Êxtase”
  19. “Exagerado”
  20. “Maior Abandonado”
  21. “O Poeta Está Vivo”
  22. “O Tempo Não Pára”
  23. “Pro Dia Nascer Feliz”

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