Em 2016, Hermeto Pascoal, um dos grandes gênios da música brasileira – e dos poucos a quem o adjetivo de fato faz justiça – comemorou 80 anos de vida.

Mas os bons frutos dessa celebração começaram a surgir, de fato, em 2017, ano em que o compositor, arranjador e multi-instrumentista sinestésico deu à luz não um, mas três álbuns de material inédito.

O primeiro, lançado em julho pelo Selo Sesc, foi o duplo No Mundo dos Sons. O disco tira a poeira do baú de inéditas de Hermeto – o último lançamento havia sido Mundo Verde Esperança, de 2002 – e é um exemplo primoroso da habilidade nata que Hermeto tem de conduzir grandes grupos, aqui um sexteto, por inúmeras frentes da música universal. Obviamente, as 18 faixas do disco privilegiam os sotaques do jazz e da música brasileira, passeando por homenagens a ídolos e antigos parceiros de Hermeto com nomes como “Para Miles Davis”, “Viva Piazolla!” ou “Para Tom Jobim”. Destaque para “Som da Aura”, onde as falas dos músicos do disco são transformadas em música, um exemplo divertido de virtuosismo malabarista.

O segundo, lançado em outubro, é um projeto ainda mais ambicioso. Natureza Universal põe Hermeto a liderar uma big band de 20 músicos que dão vida a onze canções criadas e arranjadas por ele. Apesar de menos espontâneo que No Mundo dos Sons, Natureza Universal ganha em complexidade, especialmente na beleza de “Choro Árabe” e “O Som do Sol”, na dramaticidade da intensa “Brasil Universo”, e no bom-humor de “Jegue Meu Jumento Mimoso”. Excepcional.

E para fechar a trinca de ouro que Hermeto nos deu em 2017, surgiu na semana passada Viajando com o Som (The Lost ’76 Vice-Versa Studio Session), lançamento internacional da Far Out Recordings. Como o nome indica, o disco é o registro de uma sessão conduzida por Hermeto em 1976, considerado perdido há mais de quarenta anos. Viajando com o Som põe Hermeto no estúdio Vice-Versa, de Rogério Duprat, com o time que o acompanhava na época da sessão, que inclui o guitarrista Toninho Horta, outro dos nossos grandes gênios. São quatro peças improvisadas por um noneto em perfeita sintonia, é ouvir pra crer:

Pelo contexto histórico e tecnologia da época, a sonoridade de Viajando com o Som remete às contribuições de Hermeto a Live Evil (1971), disco ao vivo de Miles Davis que, injustamente, não é assinado em parceria com o alagoano. Mas isso é história pra outro post. Por ora, sigamos com essa trinca imperdível de novidades de Hermeto, e o desejo de muitos anos de inventividade no caminho do nosso Mestre dos Magos.

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