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Analisando o line-up do Lollapalooza Brasil 2018 uma semana depois

Na quarta-feira passada o line-up da edição de 2018 do festival Lollapalooza Brasil foi anunciado e vimos as reações que sempre acontecem todos os anos.

Alguns amaram, outros odiaram, muitos elegeram apenas algumas bandas que gostariam de ver e teve até gente do ramo dizendo que não irá porque “não conhece umas 20 bandas”, o que é sempre um grande erro.

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Uma semana depois, passada a euforia, a gente parou pra dar uma olhada mais de perto no line-up e fazer alguns destaques a respeito.

Line-up Nacional

Iremos começar pela parte que mais nos impressionou no line-up de 2018: a escalação nacional.

Muita gente comentou sobre a quantidade de bandas brasileiras na escalação, dizendo que ela aumentou, mas na verdade ela continua a mesma do ano passado. Com um dia a mais de evento vieram mais grupos e a proporção é a mesma (acredite, nós contamos).

O que pega aqui não é a quantidade, mas sim a qualidade: serão atrações do Lollapalooza Brasil do ano que vem nomes dos mais quentes e interessantes da música brasileira atual.

Alguns deles lançaram discos que, nos últimos anos, entraram nas nossas listas de melhores álbuns nacionais como figuras que ocuparam as primeiras posições, caso de Ventre, O Terno, Mahmundi, Francisco el Hombre e BRAZA. As duas últimas, inclusive, tocaram na primeira edição do Festival Tenho Mais Discos Que Amigos! em Abril desse ano, e O Terno gravou o primeiro episódio do TMDQA! Apresenta.

Já alguns outros nomes lançaram grandes álbuns esse ano, como é o caso de Rincon Sapiência, Plutão Já Foi Planeta e Ego Kill Talent, que fez bonito demais recentemente no Rock In Rio como um dos destaques do festival.

Outras bandas que amamos e também aparecem no cartaz são nomes como Luneta Mágica, Selvagens À Procura de Lei (que já gravou um TMDQA! Apresenta), Tagore, Tiê, Liniker e os Caramelows e Vanguart.

Por fim, apesar de um dos nomes mais conhecidos, Mano Brown pode ser uma incógnita já que apresentará seu show inspirado no disco Boogie Naipe, mais voltado ao funk, a soul music e até a disco. Desavisados podem esperar pelo rap e se frustrarem, mas é uma apresentação interessante.

Mallu Magalhães também é outra figura conhecida e lançou um álbum consistente em 2017, mas com ele vieram diversas polêmicas e seu histórico de apresentações para grandes plateias é um tanto quanto conturbado. Não dá pra saber o que esperar do show.

Com o primeiro passo da escalação em si já dado, esperamos que essas atrações todas tenham bons horários separados pela organização para seus shows, já que passar na TV ao vivo, por exemplo, seria muito bom para bandas de shows explosivos como os de Francisco, El Hombre, Ventre e Ego Kill Talent.

 

Atrações Internacionais

Antes de falarmos dos headliners, vamos destacar as atrações “intermediárias”.

O Royal Blood tocou no Rock In Rio em 2015 mas de lá pra cá lançou um novo disco e vem para mostrar essa nova turnê. Além disso, sempre faz um show interessante com as habilidades do duo de baixo e bateria.

Volbeat é uma banda de hard rock daquelas pra pular e cantar junto, e apareceu até mesmo como uma surpresa no line-up. A gente gostou, assim como gostamos da presença do Spoon, que segundo quem acompanha os festivais mundo afora, faz um show dos mais competentes do rock alternativo.

David Byrne é um nome que sempre cai bem demais, e é muito bom ver lendas como ele aparecendo em festivais que têm públicos mais jovens, e o The National acabou de lançar um baita disco com Sleep Well Beast. Deve aparecer na maioria das listas de final de ano mundo afora.

Mac DeMarco irá levar ao palco do Lolla a sua mistura bastante particular de folk, rock psicodélico e muitas piadinhas, em uma fórmula que parece ter a cara de boa parte do público do evento.

Khalid faz bonito com o R&B, Milky Chance é uma dupla promissora de folk/rock e, por fim, Liam Gallagher é a atração mais esperada por esse que aqui escreve. A curiosidade é grande para saber como ele estará até Março do ano que vem, já que seu disco solo de estreia sai agora em Outubro, a crítica já terá falado a respeito dele e um show do vocalista do Oasis é sempre uma experiência única.

Devem aparecer músicas do novo disco do cara, muito mais interessante do que toda a discografia do seu último projeto, o Beady Eye, bem como clássicos da banda que ele teve com seu irmão. Imperdível.

O hip hop

Separamos um item apenas para o rap porque a escalação do gênero no Lollapalooza Brasil 2018 está demais.

Teremos aqui alguns dos nomes mais talentosos e produtivos da atualidade, com shows de Chance The Rapper, que lançou o ótimo Coloring Book em 2016, e Tyler, The Creator, que vem lançando álbuns consistentes desde 2011 e em 2017 voltou com Flower Boy.

Quem também vem é o incrível Anderson .Paak, com o The Nationals, fazendo uma mistura de rap, R&B, funk e soul que conquistou o mundo no ano passado.

Por falar em .Paak, Mac Miller também toca no Autódromo de Interlagos e seu último disco, The Divine Feminine (2016), tem participação do próprio além de Kendrick Lamar, CeeLoGreen e Ariana Grande.

Wiz Khalifa não é dos favoritos da casa, mas deve arrastar multidões por conta dos hits lançados nos últimos anos.

 

Os Headliners

Com três dias de evento, o Lollapalooza Brasil vem chamando os seis primeiros nomes do seu pôster de headliners para a edição de 2018, então vamos lá.

Pearl Jam e The Killers são garantias de público para o horário mais quente de dois dias do festival. Ambos já tocaram em edições anteriores do Lollapalooza Brasil e por mais que a gente ame ver um show de Eddie Vedder e companhia ao vivo, só o Killers lançou novidade desde que veio ao festival, inclusive aparecendo por aqui com a turnê do seu novo álbum, Wonderful Wonderful.

Ainda assim, a escalação do Pearl Jam parece condizente com os festivais mundo afora, o que não é bem o caso com o Red Hot Chili Peppers.

Outra banda que adoraríamos ver a qualquer hora e em qualquer lugar, eles acabaram de vir ao Rock In Rio com direito a transmissão ao vivo pela TV. É claro que estamos falando de uma das bandas mais importantes da história (e mais queridas por aqui), mas nesse caso sinto que valeria apostar em outro nome.

Lana Del Rey também já veio ao Brasil, mas terão se passado cinco anos desde então, quando ela tocou no Planeta Terra Festival em 2013. De lá pra cá vieram Ultraviolent, Honeymoon e Lust For Life, então faz todo sentido uma apresentação com tanto material novo.

O LCD Soundsystem não pisa no Brasil há um bom tempo, e acabou de lançar um disco bastante elogiado depois do retorno do hiato em 2015. Com certeza vai fazer o público do Lolla dançar sem parar com a sua mistura de música eletrônica e rock alternativo.

Por fim, para o Imagine Dragons não há desculpas a não ser a quantidade de público. A banda tocou no Lollapalooza Brasil 2014 e de lá pra cá lançou dois discos fraquíssimos com Smoke + Mirrors e Evolve. Tomou a vaga de alguém que poderia ser muito mais interessante, definitivamente.

 

As Entrelinhas

Há no line-up alguns nomes bem interessantes que apareceram com mais destaque em nosso radar por conta da escalação do Lolla.

The Neighbourhood é uma banda de rock alternativo que tem vocais incríveis de Jesse Rutherford e a dupla Oh Wonder, de indie pop, lançou um disco que recebeu boas críticas em 2017, Ultralife.

A banda islandesa Kaleo mistura blues/rock com folk muito bem e a cantora Jesuton tem uma voz poderosíssima.

 

As Ausências

Há muitas bandas que gostaríamos de ver no Lollapalooza Brasil e seria injusto sair citando inúmeras delas, já que entendemos que existem diversas questões por trás de escalações que vão desde preço até disponibilidade e vontade das partes.

Sendo assim, listaremos apenas um nome internacional e outro nacional de forma específica que sentimos que cairiam como uma luva em 2018.

O Weezer lançou o ótimo White Album em 2016 e já vai lançar outro disco em 2017 com Pacific Daydream, seria ótimo tê-los no palco do Lolla e já pedimos isso há anos.

Do lado brasileiro, o Far From Alaska lançou um dos melhores álbuns de 2017 com Unlikely e o show dessa turnê está absurdamente insano. Também cairia muito bem.

Outra ausência sentida no geral foi a de bandas que representem o Punk Rock e seus tantos gêneros adjacentes. Algo escasso em festivais populares, nos últimos anos o Lollapalooza representou a causa com Bad Religion e Rancid, mas em 2018 não teremos nada.

Nomes como Descendents, Social Distortion, Against Me!, Cloud Nothings, At The Drive-In e até mesmo o argentino Boom Boom Kid, que toca no Lollapalooza Chile, poderiam muito bem preencher essa lacuna.

 

Resumo da Ópera

A expansão do Lollapalooza Brasil para três dias é bem vinda já que teremos a oportunidade de ouvir ainda mais artistas e assistir a ainda mais shows.

O line-up da edição 2018 é forte e conta com nomes que têm se apresentado nas diversas franquias do evento mundo afora, e parece ser uma evolução em relação ao desse ano.

Entre acertos e erros, sentimos que os lados positivos se destacam, principalmente no line-up nacional e de hip hop. Para o futuro, gostaríamos de ver um pouco mais de ousadia em algumas escalações de 2019 e, principalmente, headliners que não repitam shows no Brasil em tão pouco tempo.

Você pode encontrar ingressos e mais informações no site oficial do Lollapalooza Brasil.

Published by
Tony Aiex