Jamie Lawson
Foto por Shamil Tanna

Por Nathália Pandeló Corrêa

Jamie Lawson pode parecer um nome recente no cenário musical, mas a verdade é que o cantor inglês se prepara para lançar seu quinto álbum, Happy Accidents. Lawson chamou atenção do grande público ao ser o primeiro contratado do selo Gingerbread Man Records, de Ed Sheeran (via Warner Music), e ao abrir os shows da última turnê do One Direction. Com seu último álbum, homônimo e lançado em 2015, ele chegou ao #1 das paradas no Reino Unido, ganhou o prêmio Ivor Novello e somou 110 milhões de plays no Spotify.

Escrito e gravado durante todo o final de 2016 e fevereiro de 2017, Happy Accidents levou Jamie ao prestigiado Sunset Sound Studios, em Los Angeles, ao lado do produtor Joe Chiccarelli (Rufus Wainwright, The Killers, The Strokes), do tecladista Roger Manning Jr (Jellyfish e Beck) e do baterista Matt Chamberlain (Fiona Apple, Tori Amos), além de seu baixista de longa data, Henrik Irgens. O título é uma referência às primeiras mensagens entre Lawson e sua agora esposa, quando ela entrou, por caso, na casa de shows The Bedford, e o viu tocando pela primeira vez. Outro “acidente feliz” aconteceu ali – foi o mesmo local onde Jamie Lawson conheceria Ed Sheeran e sua carreira, antes sem muito sucesso comercial, decolaria de vez.

Para este novo trabalho, Lawson apresenta um mix de canções intimistas e emocionais, ao mesmo tempo em que recebe parceiros de peso. “A Little Mercy”, que remete à música tradicional gospel, foi co-escrita com Simon Aldred (aka Cherry Ghost) e tem vocais de The Arnold Singers, vocalistas lendários que cantam com James Taylor; “Sing To The River” traz a vulnerabilidade do artista ao compor pela primeira vez sobre o pai, que faleceu quando o músico tinha apenas 19 anos, em um arranjo de cordas e piano. O single “Can’t see straight” é uma parceria com Ed Sheeran e Johnny McDaid (Snow Patrol), composta na casa de Sheeran em Suffolk. “Time on My Hands”, a favorita do superastro pop, é uma colaboração entre Jamie Lawson e Dave Basset (Rachel Platten).

Happy Accidents chega com a promessa de elevar o estrelato do próprio Lawson, chancelado pelo sucesso de baladas como “Wasn’t Expecting That” (do álbum anterior) e num momento em que o pop acústico inspirado pelo folk inglês gera nomes de sucesso com James Bay e Passenger.

Se preparando para lançar este novo trabalho, Jamie Lawson conversou com o Tenho Mais Discos Que Amigos! sobre viradas na carreira, vinda ao Brasil e Natalie Merchant. Confira abaixo:

TMDQA!: Olá Jamie, obrigada por tirar um tempo pra falar com a gente no meio desse lançamento. Esse é o disco número cinco pra você, mas nesses últimos dois anos, especialmente, você teve alguns dos momentos mais definidores da sua carreira. Já deu pra se acostumar com tocar pra casas cheias e disco número 1 nas paradas, ganhar prêmio…? Quer dizer, não é tão difícil se acostumar a essa vida!

Jamie Lawson: Sim, daria pra se acostumar! (risos) Mas a resposta é não, eu não me acostumo com isso, ainda é muito novo pra mim. Esses últimos dois anos foram incríveis, desde que lancei este último disco. É meio… Qual é a palavra? Acho que reconfortante saber que há pessoas que querem te ouvir, sabe? O disco que eu lancei antes não foi muito bem, pra ser sincero…

 

TMDQA!: Exato, você teve um bom número de momentos definidores na sua vida – dá pra citar conhecer sua esposa, o Ed e abrir pro One Direction, por exemplo. Mas você faz isso já há algum tempo, então gostaria de saber se houve “acidentes felizes” antes disso, que abriram as portas pra você conhecer todas essas pessoas que mudaram sua vida. Você se pergunta em algum momento como as coisas seriam se você não tivesse feito isso ou conhecido pessoa X?

Jamie: Acho que sim… Mas sabe, eu não conseguiria dizer quais foram esses momentos, eles não são tão claros pra mim. Claro que conhecer minha esposa foi um deles, conhecer o Ed… Esses acabaram se tornando muito marcantes pra mim. Mas acho que a diferença está nos pequenos momentos, naqueles em que você sequer nota, sabe? Falar “oi” pra uma pessoa ou algo do tipo. Tocar numa casa de shows, que te levou a tocar em outra até você ser notado. Mas não há como saber de fato.

TMDQA!: Acho que essa é a beleza da coisa, certo?

Jamie: Exato!

TMDQA!: Pra esse novo disco, parece que você vai atingir um novo patamar de alcance de ouvintes. Depois de tanto tempo, como você vê essa necessidade de se apresentar do zero pra um público novo?

Jamie: É excitante. Eu lutei por tanto tempo pra chegar a esse ponto da minha carreira… Houve uma época em que eu não tocava pra tantas pessoas assim, então estar nessa posição é algo muito empolgante. Em breve eu vou fazer uma turnê com o James Blunt, você conhece?

TMDQA!: Acho que já ouvi falar (risos)…

Jamie: Pois é, ele é muito grande aqui na Europa e nós vamos fazer alguns shows juntos, o que me dá a oportunidade de tocar para pessoas que não estariam necessariamente num show meu. E aí depois vou sair em turnê com o disco. Quem sabe não tenho a chance de ir ao Brasil? Eu nunca toquei aí – na verdade, nunca me apresentei em nenhum país da América do Sul.

TMDQA!: Opa, que legal! Ia te perguntar isso mesmo. Você já deve conhecer a fama do público daqui ser bem caloroso!

Jamie: Sim, isso é demais!

 

TMDQA!: Agora, falando em experiências… Pra gravar Happy Accidents, você foi para um estúdio icônico e já comentou sobre como pode ser intimidador gravar na mesma sala que The Doors, Prince, The Eagles. Houve um momento em que você finalmente se sentiu à vontade para criar, sem sentir o peso de tanta história?

Jamie: Sim, acho que funciona assim… Bom, depois de uma semana, mais ou menos, você vê as músicas ganhando forma junto dos músicos que estavam trabalhando com a gente. E aí eu comecei a relaxar e curtir mais. Mas sim, levou uma semana (risos). O lance de estar naquele estúdio, especificamente, é que foi muito surpreendente. E eu estava trabalhando com Joe Chiccarelli, um produtor que fez alguns dos discos que eu mais gosto! E também tinha Matt Chamberlain e Roger Manning Jr, que são músicos que admiro muito. E quando tudo isso se uniu, as coisas começaram a ganhar forma.

TMDQA!: Bom você falar disso, porque me pergunto como funciona pra você… É que dá pra imaginar que você comece a compor no violão, até pelo caráter íntimo das músicas. Como você vai de você, num quarto, com um violão, para os arranjos mais encorpados que chegam pra gente?

Jamie: Bem, essa é uma boa pergunta… Porque eu acho até que as músicas poderiam ficar apenas acústicas, sabe? Mas aí eu não exploraria outras possibilidades de sons. Eu também não quero excluir as pessoas que preferem músicas acústicas, quero ser legal com elas, se é que isso faz sentido (risos). Eu tento andar sempre entre essas nuances. Em algumas músicas, os metais ficam perfeitos, fazem total sentido. E em outros casos, elas pedem algo mais intimista mesmo.

 

TMDQA!: Essas nuances também aparecem nas letras. Quer dizer, você fala de “acidentes felizes” que aparecem ali nas músicas, mas você abordou temas mais pesados, como a morte de seu pai. Como é equilibrar isso, as coisas positivas que vem acontecendo com uma bagagem mais pesada?

Jamie: É que algumas coisas saem com mais frequência em certo dias. Às vezes você está de bom humor e as coisas acontecem, você escreve com facilidade. E em outros dias, você tem coisas a resolver na vida, você precisa lidar com elas. É curioso isso, pois meu pai faleceu já há bastante tempo, mas só mais recentemente eu consigo falar sobre isso com mais naturalidade, colocar isso pra fora.

 

TMDQA!: Bem, não sei se comentaram com você, mas o nome do nosso site é Tenho Mais Discos Que Amigos.

Jamie: Uau, que legal! (risos)

TMDQA!: Mas é verdade, não é?

Jamie: Com certeza!

TMDQA!: Então, pensando nos discos como amigos presentes nos bons e maus momentos, qual você diria que foi o álbum mais presente pra você?

Jamie: É interessante, mais ou menos na época em que meu pai faleceu, eu comecei a ouvir um disco… Você conhece a Natalie Merchant?

TMDQA!: Sim, claro!

Jamie: Então, ela era de uma banda, o 10.000 Maniacs, e depois saiu e lançou carreira solo. E o primeiro álbum foi Tigerlily. Acho que ele saiu coisa de umas semanas depois da morte do meu pai, e posso dizer que esse disco particularmente me fez sobreviver os próximos seis meses.

TMDQA!: Natalie Merchant é mesmo capaz disso. Bem, Jamie, obrigada por seu tempo e quem sabe não nos vemos aqui no Brasil?

Jamie: Seria ótimo! Muito obrigado.

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