Foto por Aline Krupkoski

A gente vive dizendo aqui no TMDQA! que a música brasileira passa por uma das melhores fases de todos os tempos, mas a gente sabe que aqui no mundo virtual nem sempre é possível ter a exata dimensão de como bandas e artistas nacionais estão mostrando seus trabalhos pelo país.

Quando resolvemos ir para o mundo e realizar um festival para celebrar os 8 anos de site, não tivemos dúvidas de que ele seria composto só de bandas nacionais e ficamos extremamente felizes e gratos pela resposta absurda que os fãs proporcionaram enchendo a área destinada ao evento no Estádio Mané Garrincha desde a primeira nota da primeira banda.

Pois bem, no último final de semana a agência Rockin’ Hood e a produtora Influenza voltaram a realizar um evento em Brasília e dessa vez voaram ainda mais alto com o Festival CoMA, que além dos dois dias de dezenas de shows de bandas brasileiras (além de uma norte-americana e outra uruguaia) ainda teve uma conferência voltada ao mercado da música, onde profissionais de todo o Brasil se reuniram para discutir os mais diversos aspectos do que cerca a indústria desde o lado dos artistas, dos produtores e gravadoras até o lado dos fãs.

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Em uma área enorme digna de festival gringo e localizada ao lado de ícones da capital federal como a Torre de TV e o Estádio Mané Garrincha, o CoMA proporcionou duas tardes com mais de 36 painéis e debates, espaço gastronômico, feira cultural e amor, muito amor.

Desde o primeiro minuto em que chegamos ao local e passamos a publicar material no Instagram, todas as respostas dos nomes que eram citados no Stories vinham com um coração, e o que se viu na sequência diante dos shows em cima dos palcos é que esse sentimento é mais do que verdadeiro.

Se a música brasileira vive uma fase incrível, não é à toa, e o CoMA foi prova disso, ao vivo e em cores. Foi-se o tempo em que os grupos travavam disputas de ego e se sabotavam, e hoje o que se vê é a união através de participações especiais, ideias, projetos e muitas vezes apoio de fã mesmo; é como se cada uma das bandas olhasse para a outra como um seguidor enxerga seu ídolo.

A apresentação do Far From Alaska, por exemplo, foi impressionante. Após iniciar com um playback improvável de “I Will Always Love You” o grupo subiu ao palco para o primeiro show após o lançamento de Unlikely, e mandou ver em “Rhino”, canção que foi justamente “inspirada” pela música de Dolly Parton eternizada por Whitney Houston.

Apresentando um set que teve em sua maioria canções do novo álbum e os pontos altos de modeHuman, a banda fez o melhor show que já vi deles, e eu não estava sozinho. O Palco Norte teve um dos maiores públicos da noite de Domingo justamente no show do pesado e eletrizante grupo.

Para fechar com chave de ouro, o palco das meninas e dos caras foi invadido por integrantes de Scalene, Supercombo, Medulla, Dona Cislene, Francisco, el Hombre e muito mais, sendo que a empolgação de “Dino Vs. Dino” levou até o headliner da noite, o mestre Lenine, ao palco para pular ao lado de todo mundo.

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Léo Ramos, frontman do Supercombo, tocou guitarra na nova “Cobra”, cantada a plenos pulmões pelo público, e sua banda que estava com praticamente todos os integrantes no evento, nem era uma das atrações da festa. Foi para prestigiar e apoiar os colegas, literalmente.

Emmily Barreto esteve mais uma vez impecável no palco, e com uma dose extra de energia, já que poucas horas antes ela dividiu o palco com Clarice Falcão em um dos tantos momentos inesquecíveis da primeira edição do CoMA.

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Ao apresentar “Eu Me Lembro”, Clarice convidou a vocalista para fazer as vezes de SILVA (que aparece na versão de estúdio) e o resultado além de surpreendente também mostrou que não existe pop, rock, indie, “canta em inglês”, “canta em português”, mas existe a música brasileira e o apreço que cada uma das partes tem uma pela outra.

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Quando assistiu ao show do Far From Alaska, inclusive, Clarice se emocionou e depois nos bastidores descreveu como é empolgante ver Emmily Barreto cantando, já que “é lindo ver alguém fazendo aquilo que nasceu para fazer com tanta vontade.” Amor, amor e mais amor.

Ainda no campo das novidades e das participações, Léo Ramos também subiu ao palco durante o show do Scalene para tocar bateria em “Náufrago”, e a banda aproveitou seu set em casa para mostrar músicas novas. Vieram as já lançadas “cartão postal” e “ponta do anzol”, além da porrada que é “distopia”.

A nova canção da banda tem um teor bastante pesado e direto ao ponto contra os chamados falsos profetas: “homens de terno, podres por dentro com a Bíblia na mão / pregam o ódio e a intolerância a cada sermão”.

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Foi uma oportunidade para as pessoas já conhecerem o que vem por aí em Magnetite, o novo álbum, e também para cantarem hits da carreira do grupo com destaque para a performance de “Entrelaços”, com luzes de smartphones servindo com um belo pano de fundo para a apresentação.

O set ainda teve “Relentless Game”, a parceria com o Far From Alaska tocada ao lado de Emmily e Cris, e ao final, com “Legado”, veio mais uma invasão no palco com direito a muita festa.

Scalene no Festival CoMA
Foto por Yvã Santos

Outro tipo de invasão aconteceu durante o mega show da banda Francisco, el Hombre, que fez um dos melhores shows do festival e foi acompanhada em boa parte pelo grupo Cuatro Pesos de Propina, com quem excursiona atualmente.

Por conta própria ou ao lado dos músicos uruguaios, o verdadeiro coletivo que é a banda mostrou que tem hoje um dos melhores shows do país, capaz de animar qualquer plateia com suas músicas cheias de conteúdo inteligentíssimo e atual, aliadas a momentos de arrancar lágrimas como a execução de “Triste, Louca ou Má”, que evidencia a belíssima voz de Ju Strassacapa.

Quem também fez um show de dar inveja foi o Ventre, do Rio de Janeiro, que continua a mostrar todo seu engajamento social e político aliado a distorções furiosas, belas melodias e o show à parte que é Larissa Conforto na bateria. Foi alto, foi forte e foi imenso, apesar do grupo ser “apenas” um trio.

Na noite anterior, Rico Dalasam mostrou suas rimas cheias de malícia aliadas a momentos onde provoca o público canta, corre e dança. Muito. Com uma multidão de seguidores e gente de todos os gêneros musicais se divertindo por ali, mostrou que está voando e que seu show é para muitos, é para todos, e abriu caminho para que quando a última nota tocasse, uma multidão corresse até o outro palco e fosse presenciar de perto a performance do Emicida.

Praticamente um show de rock, a apresentação do rapper foi impactante e surpreendente. Foi lindo ver tantas questões sociais sendo abordadas (e cantadas pelo público) de forma direta e também foi lindo ver como as pessoas aprenderam que você pode balangar a raba com Rico e criticar o racismo com Emicida. Tudo na mesma noite, tudo em conjunto, tudo como um só. União.

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O R.Sigma fez um show lindo com mais Léo Ramos e mais invasão de palco. O Medulla mostrou que seu público só cresce, SILVA encantou a plateia, o Lista de Lily repetiu o showzão que fez no Festival TMDQA!, Dillo apresentou composições impecáveis e ainda nem falamos de shows que aconteceram no Clube do Choro ou no Planetário, locais fechados e intimistas.

Isso tudo que descrevemos até agora rolou nos dois palcos principais e ao lado disso tudo artistas como Mahmed, Selvagens À Procura de Lei, Godasadog e Baleia deixaram os espaços intimistas belíssimos e cheios de gente para acompanhá-los.

Lenine fechou a noite e, acompanhando de pertinho nos bastidores, vimos como os integrantes das bandas “novas” estavam doidos para invadir o seu palco e retribuir o que ele fez durante o set do Far From Alaska.

Entre idas e vindas, dúvidas e questionamentos, alguém finalmente passou os limites demarcados para acesso à apresentação do músico e a festa estava feita. Todo mundo pulou, cantou e reverenciou o mestre, que reverenciou a nova geração e ficou visivelmente encantado com o que acontecia ali, elogiando o festival várias vezes.

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Foi um final emblemático não apenas para o CoMA, mas para uma demonstração fiel do que é a música brasileira hoje em dia. Em tempos de polarização e “salve-se quem puder” na sociedade, a arte é guiada por duas palavras sobre as quais falei bastante hoje, mas não me canso de repetir: amor e união. Como disse o colega Pedro Antunes em sua resenha, “o rolê é um só.”

Que venha a segunda edição do Festival CoMA, que elevou o nível dos eventos no Brasil ao levar 6 mil pessoas no Sábado e 8 mil pessoas no Domingo para um festival que só pela parte musical já seria extremamente complexo de ser realizado, mas ainda contou com a impecável parte de Conferências, da qual tive a honra de participar, realizada em parceria com a Agência Inker.

Realizar um evento desse porte é difícil, amigos. O CoMA fez parecer fácil, fácil.

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