A indústria fonográfica dá privilégio aos homens? Esse foi o tema central de uma discussão entre a cantora Courtney Love e o compositor gay Justin Tranter. No meio disso tudo, onde se encaixam a mulher e os integrantes da comunidade LGBTQ?

Tranter já escreveu músicas para Fall Out Boy, Justin Bieber, Britney Spears e até para o Linkin Park. O compositor também já foi frontman da banda Semi Precious Weapons, mas não alcançou tanto sucesso comercial.

Ao ganhar o prêmio de Songwriter of the Year no último BMI Pop Awards, Justin pediu, em seu discurso, por mais mulheres e pessoas LGBTQ no processo de criação musical. Courtney perguntou ao compositor o porquê de essa comunidade ter tão pouca representatividade no mercado fonográfico. Ele respondeu:

Existem problemas sistêmicos na nossa cultura quando se trata de coisas atrás das cortinas e vistas de forma técnica. Apesar de escrever músicas não ser algo técnico, o ofuscado compositor é visto dessa maneira. Pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade são acostumadas com a ideia de que esses tipos de trabalho não cabem a eles.

 

O problema está atrás das cortinas

Tranter ainda comentou que existem milhares de pessoas queer que gostariam de ter um trabalho desses. Quase não existem produtores, e ele se considera um dos poucos compositores gays que tiveram a sorte de crescer no ramo.

Love comentou também que, ao longo de sua carreira musical, já trabalhou com vários produtores e todos eles eram homens héteros. Ela ainda conta a história de uma amiga que conseguiu um emprego na área:

Lembro-me de uma amiga minha que conseguiu um trabalho com música. Foi um grande negócio. Consegui fazê-la trabalhar em uma turnê do Nirvana/The Breeders para fazer o som do Breeders, mas levá-la até lá foi uma luta.

Sobre homofobia no mundo da música, Tranter falou sobre sua experiência pessoal em sua banda:

Homofobia é uma das principais razões pelas quais a Semi Precious Weapons acabou, mesmo depois de 10 anos de estrada. Mais para o fim, nossa música ‘Aviation High’ começou a se dar bem nas rádios alternativas. Era a primeira vez que íamos bem assim. Mas se fosse por alguém da gravadora ou por algum gerente, estariam certamente tentando me contatar, pedindo para que eu fosse menos feminino ou menos gay, porque a rádio alternativa é ainda mais machista do que a rádio pop – o que é verdade. A rádio alternativa não passa de homens brancos comuns.

Não, não para por aí! Na mesma entrevista, Justin, que escreveu o hit “Centuries”, do Fall Out Boy, disse que uma boy band tinha se interessado pelo seu trabalho. No entanto, depois de um encontro com uma representante da gravadora, o dispensou por achar melhor não tê-lo junto com os integrantes do grupo.

 

Isso tem solução?

Love perguntou a Tranter se maior igualdade pode ser alcançada na indústria da música. Na resposta, o compositor falou que as grandes gravadoras tentam abrir o maior número de portas possível. “Mas elas sabem que, por eu ser uma pessoa ‘estranha’, eu mostro para elas perspectiva e confiança insuficiente”, disse.

Você pode conferir a entrevista na íntegra aqui. O que você acha de tudo isso? Deixe sua opinião nos comentários.

 

 

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