Sugar Kane
Sugar Kane por: Gui Caielli

Em 2015, o Sugar Kane anunciou um hiato por tempo indefinido e realizou uma turnê de despedida. Agora, a banda volta aos palcos para celebrar em grande estilo os seus 20 anos de carreira, realizando uma tour de dois meses passando por mais de 30 cidades.

A primeira apresentação aconteceu no último sábado (01), no Hangar 110, em São Paulo. A lendária casa de shows encerrará as suas atividades no final deste ano e, certamente, foi o local ideal para marcar o retorno do Sugar Kane. Para dar início à festa, as bandas convidadas foram Corona Kings e Deb And The Mentals.

Corona Kings
Corona Kings por: Gui Caielli

Por volta de 20h, Caique Fermentão (vocal e guitarra), Felipe Dantas (guitarra), Murilo Benites (baixo) e Antonio Fermentão (bateria) começaram a apresentação do Corona Kings. De Maringá (PR), mas atualmente residindo na capital paulista, o grupo conquistou o público que aos poucos ia chegando.

“Boyhood” e “Death Proof” abriram o setlist. Com muita personalidade e peso, o quarteto ganhou a plateia logo nos primeiros minutos. Depois, uma rápida pausa para o vocalista Caique cumprimentar os presentes, antes de “Inner Giant” e “Dead Vibes” darem sequência ao show.

Som rápido e maduro, além de uma ótima performance no palco. Com um terceiro disco a caminho, previsto para sair em outubro, o repertório da banda foi composto predominantemente por faixas novas que estarão nesse próximo trabalho.

Após coros de “Fora Temer” puxados pelo vocalista, foi a vez de “Unnatural Selection”, single gravado através do projeto Invasão True Rock, da Jägermeister. Com a casa enchendo cada vez mais, a interação e animação do público também aumentou. Todos bastante participativos e satisfeitos, as músicas novas foram mais do que aprovadas. A saideira aconteceu ao som de “Explode”, faixa-título do disco de estreia do grupo, que deixou para trás uma plateia satisfeita e devidamente aquecida para a atração seguinte.

Deb And The Mentals
Deb And The Mentals por: Gui Caielli

Não muito tempo depois, Débora Babilônia (vocal), Guilherme Hypolitho (guitarra), Stanislaw Tchaick – ou Bi Coveiro – (baixo) e Giuliano Di Martino (bateria) iniciaram a apresentação da Deb And The Mentals. Para um Hangar já quase lotado, a banda começou seu show com “Bleeding”, single do primeiro disco, Mess, que saiu este ano. Em seguida vieram “Music Says To Me”, “Take It Away” e “Do It Now”, na lata e sem enrolação.

Músicas diretas e objetivas, apresentadas de modo despojado. Deb é uma excelente frontwoman, com uma voz poderosa e envolvente, e a banda é super entrosada no palco. O rock noventista e despretensioso funciona muito bem ao vivo e cria uma identificação muito forte com o público.

A galera da pista estava visivelmente na mesma pegada da banda, curtindo e incansável. Entre piadas e brincadeiras do baixista Bi, Deb agradeceu muito pela oportunidade de estar ali, além de pedir pela volta definitiva do Sugar Kane – o que todos nós ali gostaríamos. “Alive” e “Old Boots” abriram caminho para “Not Waiting, com Bi nos vocais.

Alternando faixas do seu EP de estreia e novo disco, a sequência final foi encerrada com “Feel The Mantra”, com seu refrão cantado pela plateia. A banda saiu de cena muito aplaudida e mostrou o porquê de estar agregando um público cada vez maior por onde passa.

Sugar Kane
Sugar Kane por: Gui Caielli

E, finalmente, às 22h a saudade e ansiedade chegaram ao fim. Como um quinteto, o Sugar Kane subiu ao palco como se nunca tivesse ficado fora dele. Alexandre Capilé (vocal e guitarra), Vini Zampieri (guitarra), Rick Mastria (guitarra), Igor Moderno (baixo) e André Dea (bateria) foram ovacionados logo de cara. Pista lotada e clima quente, apesar da friaca que fazia do lado de fora. Contato humano em grau elevado pelo bate cabeça e moshes já nos primeiros acordes de “Vital” e “Fui Eu”, ambas do Ignorância Pluralística, último disco lançado pela banda, em 2014 .

É interessante ver o Sugar Kane com cinco integrantes no palco. Vini, que esteve na banda até 2009, juntou-se à formação mais recente para essa turnê, porém o grupo não deve fazer muitos shows com três guitarristas, já que Rick está a todo vapor cumprindo agenda com sua outra banda, o Dead Fish.

“Se preparem que o show é longo”, avisou Capilé após falar com a galera sobre o retorno do grupo. Preparados e nem um pouco preocupados em poupar energia, os fãs soltaram a voz para fazer coro em A Máquina Que Sonha Colorido” e “Todos Nós Vamos Morrer”. A vibe era incrível e, após “Auto Destruição”, fomos surpreendidos com “Other Ways To Lose”, que está no primeiro disco do grupo, Once One Day, de 2000, e nunca havia sido tocada ao vivo.

Sugar Kane
Sugar Kane por: Gui Caielli

Capilé falou novamente sobre estar feliz por estarem de volta, principalmente por ainda ter tanta gente esperando pela banda. O público respondeu empolgado com gritos de “olê, olê, olê, olá, Sugar, Sugar” e o vocalista agradeceu dedicando a música “Medo” para todos os fãs. Foi um dos pontos altos da noite e manteve a pista num estado insano, com muito pulo e bate cabeça.

“Vamos Seguir” abriu caminho para “Velocidade”, que sempre rende um momento marcante, e “Janeiro”, que botou o Hangar abaixo. Fãs a uma só voz, mosh, roda, palmas, estava tudo acontecendo e estava lindo. Foi então que tivemos mais uma ótima surpresa, com a participação de Flávio Guarnieri, baixista do Sugar Kane de 2009 a 2013. Capilé anunciou que tocariam uma música que apareceu poucas vezes nos shows do grupo: “A Marcha”, do EP Fuck The Emo Kids, de 2011. “O fascismo nunca esteve tão em alta, nós temos que lutar”, completou, sendo acompanhado de gritos de “Fora Temer” pela plateia.

Ainda com Flávio no baixo, o grupo tocou “Revolução” e “Rockstar”. A troca de energia entre banda e público seguia sensacional. Com Moderno de volta ao seu posto, o show seguiu com “Eu Surtei”, que contou com uma participação inesperada de um fã. “Classe Média”, “Pastor Felício” e “Bandeiras Pelo Chão” deram continuidade com o setlist, que estava quase caminhando para o fim.

Sugar Kane
Sugar Kane por: Gui Caielli

O entusiasmo do público era evidente. A turnê comemorativa foi muito aguardada e todos ali estavam dando tudo de si. Fãs, amigos e familiares estavam presentes em um clima muito especial. E o destaque no palco não era apenas a banda, pois Teco Martins, do Rancore, estava trabalhando de roadie e era uma das pessoas mais empolgadas do Hangar. Entre cuidar do palco e ajudar as meninas a subirem pro stage dive, cantava e pulava em todas as músicas.

Após “Estou Cansado”, “Reviver” e “Minha Liberdade”, Capilé agradeceu a todos que fizeram o evento acontecer. “Divinorum” e “Será Viver” trouxeram ainda mais ânimo para o pessoal da pista, que seguia incansável. A banda deixou o palco, mas voltou rapidinho para o bis, que veio com uma catarse coletiva ao som de “A Máquina”.

Sugar Kane
Sugar Kane por: Gui Caielli

Em meio a brincadeiras e improvisos rolou até um trecho de “Detalhes”, do Roberto Carlos, na voz do Vini. Para fechar a apresentação, “Despedida”, com um coro lindo da plateia, e “Me Façam Entender”, dedicada ao Teco.

Foi uma noite memorável! E a turnê está só começando. São Paulo ainda terá mais duas oportunidades de ver a banda antes de um novo hiato: em agosto no Oxigênio Hardcore Fest, e em outubro no Sesc Pompéia, como já adiantou Capilé.

Duas décadas e um repertório que fez um apanhado geral dos trabalhos lançados pela banda, que continua sendo muito relevante para o hardcore nacional. Que mesmo com pausas e retornos, o Sugar Kane ainda tenha uma vida longa!

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