Richard Nixon e Elvis Presley
Foto: Oliver Atkins / Richard Nixon Presidential Library And Museum

Elvis Presley foi um dos maiores ícones do Rock And Roll e, inevitavelmente, a sua imagem tornou-se símbolo de rebelião e contracultura.

Acontece que, originário do Sul dos Estados Unidos, o “Rei” carregou vários elementos do Mississippi, incluindo o conservadorismo típico da região, e quando chegou a uma altura da carreira, passou a deixar tudo isso bem claro.

O músico era muito fã de armas e colecionava itens relacionados às “forças da lei”. Em suas festas eram comuns exibições de distintivos dos mais diversos que ele recebia de associações de policiais e serviços de segurança por conta do trabalho musical.

Mais especificamente em 1970, em uma fase já decadente, o músico deixou sua residência na icônica Graceland e após passar por vários pontos dos Estados Unidos, pegou um voo de Los Angeles para Washington em Dezembro.

O objetivo era claro e simples: se encontrar com o presidente dos EUA, Richard Nixon, e “pedir um cargo” no FBI para denunciar nomes que estariam influenciando a juventude americana contra o governo, já que o país vivia um momento de movimentos contra a Guerra do Vietnã e o racismo, por exemplo, e ícones como John Lennon se engajaram para que a juventude brigasse por seus ideais.

Durante o voo até a capital norte-americana, Elvis escreveu uma carta de cinco páginas endereçada ao Presidente, que tinha várias letras maiúsculas perdidas, trechos sublinhados e que começou assim:

Querido Sr. Presidente

Eu gostaria de me apresentar. Sou Elvis Presley e admiro você e Tenho Grande Respeito por seu governo.

Nessa época o músico já fazia uso de uma série de remédios controlados e muitos dizem que as palavras da carta, que por muitas vezes não faziam sentido, eram efeitos colaterais desses hábitos:

A cultura das drogas, os elementos hippies, o SDS [organização de esquerda chamada Students for a Democratic Society], Panteras Negras, etc, não me consideram como seu inimigo ou como eles gostam de chamar ‘o establishment’. Eu chamo isso de Americano e amo tudo.

Eu posso ser muito útil se fosse nomeado como Agente Federal e vou ajudar da minha maneira através de comunicações com as pessoas de todas as idades. Antes de tudo, sou um entertainer, mas tudo que preciso é de credenciais federais.

Fiz um estudo profundo sobre o abuso de drogas e as técnicas de lavagem cerebral dos comunistas e eu estou no meio de tudo, onde posso e vou fazer o bem.

Além dos “comunistas” e dos Panteras Negras, Elvis também tinha um inimigo bastante particular, os Beatles.

Elvis e o Presidente Nixon

Carta de Elvis Presley para Richard Nixon

Talvez incomodado pelo sucesso da banda britânica, ele passou a criticá-la e disse que eles eram uma espécie de símbolo do “anti-americanismo”:

Os Beatles vieram para esse país, ganharam fortunas e voltaram para a Inglaterra, onde promoveram uma campanha contra os Estados Unidos.

Vale lembrar que foi justamente em 1970 que os Beatles encerraram a carreira e lançaram seu último disco de estúdio, então Elvis Presley nem precisaria se esforçar para que a banda acabasse, já que ela mesmo estava implodindo.

Assistentes de Nixon relataram que “o Rei Do Rock” insistiu bastante no tema, dizendo que a banda estava associada a comportamentos desleixados, influenciando os jovens negativamente, e há quem garanta que tudo não passava de inveja.

Outro ponto interessante é que os Beatles idolatravam Elvis Presley, e John Lennon teria, inclusive, decidido ser um rockstar de maneira definitiva quando foi impactado pelas músicas e a imagem do norte-americano. Quando foram aos EUA para shows, os integrantes conseguiram um encontro na casa de Elvis e passaram uma tarde inteira tocando música e reverenciando a obra do cara, em ocasião que foi descrita por alguns como “esquisita”, já que Presley estava claramente incomodado com o quarteto de Liverpool.

Anos depois quando a história e esse encontro secreto de Elvis com Nixon vieram à tona, muitos perguntaram a respeito e o baterista Ringo Starr chegou a dizer que Elvis tentou “banir” a banda dos EUA.

Elvis Presley na Casa Branca

Richard Nixon tinha dúvidas quanto ao pedido do cara e foi um de seus assistentes, fã de Elvis, que deu a ideia de lhe conceder um posto oficial, já que ele seria uma boa influência e uma figura famosa na campanha do presidente contra as drogas.

Ele ganhou o título de “Agente Federal Honorário” e um distintivo do FBI, e saiu de Washington com o que queria: mais um item para sua coleção pessoal. Efetivamente, depois disso, ele não fez nada relacionado ao que propôs ao presidente, que ficou no posto até 1974 quando renunciou após o famoso escândalo de Watergate, quando se descobriu que seu governo utilizava práticas sujas de espionagem para combater adversários políticos.

Elvis, por sua vez, morreu em 1977 aos 42 anos de idade por conta do excesso de medicamentos controlados, ironia que não passou em branco por Paul McCartney, que falou que “se sentiu traído” com toda essa história do encontro e cravou: “a grande piada é que a gente usava drogas [ilegais] e ele era contra, mas veja o que aconteceu com ele.”

Tá aí uma história de cagueta que você não vê todos dias, hein?

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