Carranca no Rio de Janeiro

No último sábado (18), o Carranca, banda formada pelo baixista e vocalista Rodrigo Costa após o fim do Forfun, estreou no Rio de Janeiro, depois de passar por São Paulo, em show eletrizante no Teatro Odisséia, na Lapa. Marcado para começar às 19h, em função da festa que a casa receberia mais tarde, o show teve início às 20h, para dar tempo dos fãs mais atrasados chegarem. Além de Rodrigo (também líder do projeto Tivoli), subiram ao palco Lereu (guitarra), Vidaut (bateria) e Mc Mãe (voz), este último surgiu com uma máscara de caveira, chamando a atenção do público durante o começo da apresentação.

Para abrir o repertório, o Carranca optou por “Showdown”, faixa presente no autointitulado primeiro álbum do grupo e que fez os fãs se agitarem rapidamente, tamanha a potência da música. Na sequência veio “Superbonder”, canção que manteve a empolgação da plateia no mais alto nível. Depois da suingada “Cabocla Janaína”, Mc Mãe parou para conversar com o público: “Boa noite, Rio. Este é o lançamento do Carranca na cidade. Vamos curtir, vamos nos divertir!”. O show então continuou com a contagiante “Percepção”, que o público acompanhou com muitas palmas e dancinhas.

Já em “Revés”, a fila do gargarejo na beira do palco, bastante animada, fez forte coro enquanto um fã passava deitado por cima de outros. Logo após, foi a vez de Rodrigo cumprimentar a plateia. “Boa noite, galera. Obrigado pela presença de todos. Demais!”, disse o músico, visivelmente satisfeito com a entrega do público. Muito simpático e brincalhão, Mc Mãe, antes de “Homo Sapiens”, convidou os presentes para um contato mais próximo. “Saindo daqui vamos armar um agito”, sugeriu.

O show seguiu com faixas que misturam rock, funk e reggae, como “Bumbum”, “A Marcha” (que recentemente ganhou videoclipe) e “Übermensch”. Em seguida, Mc Mãe aproveitou a pausa para apresentar a banda e emendou na faixa “Vício por Vício”, cantada verso por verso pelos fãs. Na hora de “Whisky Church O’Bright”, o cantor buscou uma garrafa da bebida e jogou goela abaixo. Segundo ele, “era preciso dar um levante”. No meio da canção, o vocalista, empolgado, desceu do palco e foi para o meio da galera, que, obviamente, correu para abraçá-lo e pular ao redor dele.

Logo depois, o público gritava: “Carranca, Carranca, Carranca”. Em “Saia da Jaula”, Mc Mãe ainda chamava atenção com sua garrafa de whisky. Ao perceber que diversas pessoas “suplicavam” por um gole, o cantor foi até os mais próximos do palco e virou a garrafa na direção de suas respectivas bocas, abertas e sedentas. Para fechar a apresentação, Rodrigo solicitou a presença de um convidado especialíssimo: o pequeno Davi, filho do baterista Vidault. Um tanto acanhado, mas cheio de carisma, o menino acompanhou a letra da música e contribuiu para a interação da plateia.

Ao final da execução, com pouco mais de uma hora de show, Rodrigo se despediu dos fãs. “É isso, galera. Voltem bem para casa. A gente poderia tocar mais, mas só temos este álbum”, brincou, arrancando risadas da plateia. Porém, ainda havia uma surpresa derradeira. A banda anunciou que eles repetiriam “Showdown”, para fazer uns “takes” especiais para um futuro registro ao vivo. Foi quando parte dos fãs se dividiu em dois lados, formando duas fileiras, uma de frente para outra, em corredor aberto. A partir dali teve início a maior rodinha (com responsabilidade e bom humor, diga-se de passagem) de todas que já haviam rolado naquela noite. Ou seja, banda e público estavam de parabéns.

Setlist:

1- “Showdown”
2- “Superbonder”
3- “Cabocla Janaína”
4- “Percepção”
5- “Revés”
6- “Homo Sapiens”
7- “Bumbum”
8- “A Marcha”
9- “Übermensch”
10- “Vício por Vício”
11- “Whisky Church O’Bright”
12- “Saia da Jaula”
13- “Jongo”

O Tenho Mais Discos Que Amigos conversou com o Carranca antes do show no Rio de Janeiro e o resultado da entrevista você confere a seguir:

TMDQA: Sobre a escolha do nome da banda, qual é a história por trás da Carranca?

Carranca: Aquela escultura de madeira está ligada aos pescadores e navegantes do Rio São Francisco, que costumavam esculpir aquela figura na proa dos barcos para afastar os maus espíritos e proteger as embarcações. Isso casa com a nossa intenção de manter longe as “bad vibes”, mas ao mesmo tempo o conceito traz uma carga de força e potência. A expressão da carranca é feia, mas acaba que no final é tudo para o bem.

TMDQA: O som de vocês é muito diferente, trazendo diversas influências que resultam em uma mistura que dá liga. Tem um pouco do rock e funk do Red Hot Chili Peppers e do Faith No More, assim como algo puxado para o metal e outras vezes mais para o reggae. Como funciona tudo isso?

Carranca: Para criar nossas músicas a gente pegou aquele som que a gente escutava quando era mais moleque, nos anos 1990, e até hoje, inclusive, todos nós gostamos muito da linguagem destas bandas. Tem também o 311, que a gente curte bastante, ou o Sublime quando a canção puxa mais para o reggae. Nós ainda escutamos algumas coisas mais pesadas que também influenciam o nosso som, como o Pantera ou o Skindred. Esta última nós usamos bem como referência, já que mistura metal com ragga, subgênero que não tem muito. Quando a gente começou a ideia era essa: mistura o metal com reggae, funk, rock e o ragga.

TMDQA: As letras do Carranca são bem irreverentes, tem uma leveza que permeia todas as faixas. A intenção era essa mesmo?

Carranca: A gente queria, claro, falar sério sobre os assuntos, além de não se limitar sobre questões corriqueiras, mas também de forma bem humorada, sendo sarcástico algumas vezes. Até para que nada ficasse muito maçante. Como nós somos muito do estilo praiano, do tipo “good vibrations”, a gente nem consegue ser sério demais. Se na letra aparece uma temática mais pesada, como falar de política ou economia, a gente acaba tratando do assunto de maneira mais descontraída.

TMDQA: O que vocês esperam do público do Rio de Janeiro quando subirem ao palco? A expectativa é alta, né?

Carranca: Foram quase dois anos desde a idealização do projeto até começar a gravar e mixar as composições e tal. Então a gente fica bem ansioso. Foi assim com relação ao show de São Paulo e agora aqui no Rio. A primeira fase desta ansiedade que estamos falando foi a fase de lançar o disco, que já passou, e agora a etapa de shows é como se fosse um novo passo. Você quando grava o disco é uma coisa, fica ali naquela atmosfera mais intimista, não tem diálogo com os fãs. Agora ver isso transformado em uma energia viva, ali no palco, percebendo como as pessoas vão reagir e responder ao que elas estão vendo, é uma novidade que a gente fica louco para descobrir.

TMDQA: O Carranca já tem o clipe de “A Marcha”, existe a ideia de lançar algum outro videoclipe por agora?

Carranca: A gente sempre junta uns “takes” a cada apresentação, para acumular um material que pode virar um clipe a qualquer momento. Então a gente vai juntando e de repente isso vira um vídeo ao vivo ou só de bastidores. Mas a nossa preocupação maior é captar estes momento, quando nós podemos levamos as câmeras que a gente tem e filmamos tudo. Se ficar legal o material pode se transformar em um clipe, talvez.

TMDQA: Vocês marcaram os shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. O Carranca pode vir a tocar em outras cidades em breve?

Carranca: A gente focou muito nestas duas apresentações de lançamento e para agora não tem nada agendado. Mas nós queremos ir para tudo que é canto, até porque a galera está pedindo. Hoje a gente pensa em subir ao palco e realizar um bom show, e depois a gente pensa no resto. De repente tocar em algum festival do país. Nós estamos aí.

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