Original Dixieland Jazz Band

O gênero jazz surgiu em meados de 1890 e 1900, mas a primeira gravação do estilo aconteceu apenas no dia 26 de Janeiro de 1917. Mas é importante dissecar as raízes do estilo antes de abordar a primeira gravação.

Apesar de muitos afirmarem que o jazz nasceu em Nova Orleans, é impossível dizer onde ele começou. O jazz pairava no ar ao mesmo tempo em diversas cidades. Formas semelhantes de se tocar eram desenvolvidas em Dallas, St. Louis, Memphis e em outras cidades do sul e centro-oeste dos Estados Unidos. É mais coerente dizer que Nova Orleans foi a cidade mais importante para o surgimento do jazz.

Pode-se também afirmar que o jazz nasceu de um estilo musical chamado ragtime. O gênero foi criado pelos afro-americanos da cidade de St. Louis. Mas a essência do estilo já está contida no nome: ragged time, ou seja, tempo quebrado. Ao tocarem marchas militares para piano, como as criadas por John Philip Sousa, os músicos negros acrescentavam batidas de baixo nos tempos 1 e 3 com a mão esquerda, enquanto nos tempos 2 e 4, faziam os acordes e melodias mais sincopadas na mão direita. Ou seja, uniam os tempos de um jeito mais dançante. Compare abaixo uma música de John Philip Sousa e do rei do ragtime, o grande Scott Joplin, para ouvir melhor a diferença.

https://www.youtube.com/watch?v=P1vPmC_CQQY

Com o ragtime, surgiu o chamado jazz de Nova Orleans. Sua principal característica é possuir três linhas melódicas diferentes. Elas são tocadas, normalmente, por um trompete, um trombone e um clarinete. E isso só aconteceu devido ao grande caldeirão de povos e culturas que existia na cidade. Franceses e espanhóis dividiam espaço com os descendentes de negros escravos trazidos da África. E, apesar do alto nível de racismo no país, esses grupos se juntavam de forma relativamente tolerante e sem hierarquias no Storyville, famoso quarteirão de prostíbulos da cidade. E foi lá que esses grupos se juntaram para começar a tocar nestes estabelecimentos. Assim, misturaram os ritmos africanos e as canções de campo (worksongs) dos negros com marchas militares, balés franceses e danças espanholas para formar o jazz de Nova Orleans.

Como os negros ainda eram deixados de lado por causa do racismo, apenas os grupos formados por euro-americanos faziam mais sucesso. Dessa forma, nasceu a Original Dixieland Jass Band (ODJB). Sim, no começo era Jass mesmo, não jazz. Dizem que o nome vem de uma abreviação de jasmine, ou jasmim, o cheiro do perfume das prostitutas que trabalhavam em Storyville e onde surgiram os primeiros grupos de jazz. Depois, para deixar o nome mais “limpo”, mudaram para a grafia que estamos acostumados.

Apesar de gravado em fevereiro, o disco foi lançado apenas em maio do mesmo ano, contendo duas músicas: Dixie Jass Band One Step” e “Livery Stable Blues”. O vinil foi lançado em 78 rotações e com o preço de 75 centavos de dólar, e ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

A gravação pode soar estranha nos dias de hoje, pois não existiam microfones elétricos na época. Ela foi gravada num gramofone, uma espécie de corneta ligada a uma agulha. Ao tocar o som, a agulha vibra e cria as pequenas ranhuras no disco para ouvirmos depois. Mas naquela época, os discos não eram feitos de vinil, e sim de cera ou goma laca. Além disso, a música é um pouco repetitiva e parece não ter um clímax. Abaixo, podemos ouvir uma regravação da Original Dixieland Jazz Band (depois, assumiram a grafia com dois zês), em 1936, que mostra o processo de gravação do disco.

E assim, a gravação ultrapassou os limites musicais e conquistou uma importância sociocultural. Foi essencial para cunhar o termo jazz e popularizar o estilo no mundo todo, além de influenciar músicos como Louis Armstrong e Benny Goodman. Foi responsável também pelo surgimento da discografia, ou seja, a ordem cronológica de se guardar informações musicais para o mundo.

Mais do que isso, a gravação ajudou a espalhar a música como forma de expressão e retrato de uma época. E isso é o maior legado que se pode ter.

Lado A

https://www.youtube.com/watch?v=UljhWqC50QU

Lado B

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