Aconteceu no último sábado (22) a décima terceira edição do festival No Ar Coquetel Molotov, em Recife. Em uma proposta mais pop, agora o evento é realizado na Coudelaria Souza Leão, um belíssimo lugar com uma capacidade de público maior. Associado ao lapidado line up com grandes nomes da música, o resultado não poderia ser diferente: ingressos esgotados e todos os espaços sempre bem ocupados.

Hoje o Coquetel Molotov, ao lado do Festival DoSol, é prova do sucesso de iniciativas de descentralização dos eventos de música. Não é mais imprescindível ir ao sudeste para apreciar a atual cena musical brasileira. Além de nomes já consagrados, o festival mantém aquela maravilhosa característica de não se prender aos headliners. Com um excelente trabalho de curadoria, novos artistas tinham destaque em todos os palcos e acabavam sendo apresentados ao público.

Moodoïd, por Luana Thayze
Moodoïd, por Luana Tayze

Um grande exemplo disso foram os franceses da Moodoïd. Apesar de não serem a atração principal, o local do show estava lotado e com todo mundo se divertindo bastante. Além de boa música, a banda capricha no visual cheio de glitter e lantejoulas. Synths, glam, carisma e muita performance numa ótima apresentação. Para mim, a descoberta do festival.

Quem também entra nessa categoria de novidade são os espanhóis da Los Nastys. A banda parecia que estava se divertindo em uma festa na qual eles comandavam o som. Rock para dançar mesmo. Além da música legal, os caras eram carisma puro. Agradeceram à “menina da maconha e do pastel” e ainda mandaram um salve para os times locais de futebol.

Outra boa surpresa foi a Rakta. Noise, ambientações psicodélicas e músicas bem longas criando uma atmosfera muito interessante em um dos palcos externos do festival. Apesar do atraso e do experimentalismo que para alguns é um tanto inacessível, o público parecia bem envolvido na proposta da banda.

Juçara Marçal, por Luana Thayze
Juçara Marçal, por Luana Tayze

Além de Miocário ser um dos discos do ano, o Barro ainda levou ninguém menos que Juçara Marçal para uma participação especial. A cantora dividiu os vocais de “Nouvelle Vagues” e ainda apresentou “Velho Amarelo”, de seu disco solo.

Com essa aura reggae, solar e de celebração, o público participou ativamente, seja cantando e/ou dançando, em praticamente todas as músicas. Por fim, o cantor ainda chamou o Russo Passapusso para uma participação surpresa. Festa total.

Mas parece que boa parte das 7 mil pessoas que estavam na Coudelaria Souza Leão queriam mesmo era ver Céu. Coros uníssonos e a cantora visivelmente emocionada com o público que cantava como se suas vidas dependessem disso. Um  momento ímpar, sem dúvidas.

Céu, por Luana Thayze
Céu, por Luana Tayze

Claro que os gritos de “FORA TEMER” aconteceram. A banda prontamente respondeu e gritou junto. A cantora, inclusive, logo depois também puxou o coro. Aliás, essa frase foi repetida várias vezes durante as apresentações no festival. Só para não perder o costume, FORA TEMER!

O  show, que é baseado no excelente Tropix, seguiu com várias do disco no set list: “Perfume do Invisível”, “Arrastar-te-ei”, “Etílica”, “Amor Pixelado”, “Minhas Bics” e muitas outras. Mas também teve espaço para as mais antigas como “Contravento”, “Malemolência”, “Cangote” e “Grains de Beauté”. Enfim, um momento que vai ficar marcado na história do Coquetel Molotov.

Logo depois, foi a vez de Karol Conká mostrar o seu poder. Ela e o DJ no palco são o suficiente para comandar uma festa e, ao mesmo tempo, levantar questões de empoderamento e a importância da quebra dos padrões. Um dos pontos altos não só do show como de todo o festival foi quando a rapper cantou a música “100% Feminista”, parceria dela com a MC Carol. Nesse momento um grupo de mulheres mostrando os seios invadiu o palco como ato de empoderamento feminino.

Karol Conká, por Luana Thayze
Karol Conká, por Luana Tayze

Além disso, os sucessos como “Gueto ao Luxo”, “Sandália”, “Lista Vip” e “Tombei” deram o tom ao animado show. A surpresa maior ficou para o fim de sua apresentação quando ela fez um belo cover do já clássico “Back to Black”, de Amy Winehouse.

Para finalizar a festa, veio o BaianaSystem com uma apresentação nada menos que sensacional. Madrugada alta e todo o público com energia do começo do festival. Não dá para ficar alheio ao som dos caras. Pelo menos, não deveríamos. Como o amigo Guilherme Guedes falou nesse texto essencial, a banda dá uma nova visão para aquela música popular vinda da periferia. Enfim, é um show imperdível. Se passar na tua cidade, se faça esse favor e vá.

Coquetel Molotov 2016

É claro que qualquer festival de grande porte sofre problemas de produção. No Coquetel Molotov não foi diferente. A longa espera nas filas foi a maior reclamação do público. E com razão. Não dá para passar quase uma hora para comprar um hambúrguer ou esperando a van que dá acesso ao local. No entanto, o mais importante é aprender com os erros e não levá-los adiante. A produção do evento escreveu nota pedindo desculpa pelos contratempos e prometendo consertá-los na próxima edição.

Em suma, o Coquetel Molotov é um evento que já está consagrado no mapa dos grandes festivais do Brasil. É retrato de uma cena que cresce exponencialmente e a prova que é possível sim aliar a tão falada experiência de festival com uma curadoria primorosa. O povo de Recife, bem como de todo o Nordeste, merece esse coquetel.

O TMDQA! viajou e se hospedou em Recife a convite da produção do festival para cobrir o evento. Fotos por Luana Tayze.

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