Em sua 18° edição o Festival MADA – Música Alimento da Alma, que acontece anualmente na capital potiguar, está mais do que consagrado. O evento, que ocorreu nos dias 23 e 24 deste mês, já é uma instituição no cenário da música independente nacional e neste ano de 2016 só reafirmou isso.

Deixando de lado as atrações óbvias, o festival acertou em cheio ao apostar em nomes que ainda não estão exatamente no mainstream e chamam atenção pela qualidade de seu trabalho, não por estar sempre na TV. Isso deu um novo ânimo e muito fôlego para (tomara!) as muitas edições que ainda estão por vir. Além disso, vários estilos foram contemplados, desde o eletro de Jaloo até o reggae do Natiruts.

Outro fator que ajudou no sucesso do MADA foi a representatividade. Artistas com o poder da vivência para, de fato, falar sobre e às minorias. Emicida, Karol Conká e Liniker são alguns dos nomes que em suas apresentações provam que é possível sim que um evento seja diverso e evidencie aqueles que estão marginalizados. Seja pelo discurso ou ou até só pela ocupação de espaços, a presença desses músicos um passo gigante na desconstrução da hegemonia.

O norte do país é uma região muito rica de cultura, isso inclui a excelente cena musical independente que vem se desenvolvendo lá. Bandas como Vinyl Laranja, The Baudelaires, Molho Negro, Blocked Bones e tantas outras só provam como talento, inspiração e profissionalismo não estão obrigatoriamente associados aos grandes centros. E foi isso que podemos confirmar com o show de Jaloo, sem dúvidas um dos melhores momentos do festival. Com segurança e muito carisma, o paraense transformou o palco em balada e o público em seus amigos de festa. Músicas como “Insight”, “A Cidade” e “Chuva” colocaram todo mundo pra dançar.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

É preciso também destacar a valorização da música potiguar no MADA. Apesar desse não ser o foco principal do evento, neste ano vimos grandes nomes como Plutão Já Foi Planeta, Luiz Gadelha e Os SuculentosLuísa e os Alquimistas, Fukai e Jubarte Ataca como atrações. São essas bandas que constroem a tão bem falada cena independente potiguar e nada mais justo que seu devido espaço no evento. O destaque aqui é a prata da casa Far From Alaska, que apresentou seu show competente de sempre aliado à animação de tocar em casa. Em determinado momento a banda também comentou sobre como a cena local é boa e ressaltou a importância de que o público a valorize.

Outro ponto alto foi o show do Emicida. Em seus dois trabalhos o rapper tem um discurso do empoderamento do negro e na apresentação no MADA não foi diferente. Com muita força e empatia do público, o artista passeou no reportório dos disco com faixas como “Boa Esperança”, “BANG!”, “Passarinhos”, “Passarinhos”, “Mufete”, “Mãe” e até um trechinho do icônico “Rap da Felicidade”. Tudo isso acompanhado da multidão, o que arrancou sorrisos do músico e uma promessa de não demorar tanto para voltar em Natal.

Se você nunca tivesse ouvido falar sobre Liniker e os Caramelows e acabasse chegando sem querer no show deles, com certeza pensaria estar em frente a um dos maiores nomes da música brasileira atual. Com um belíssimo disco lançado há menos pouco mais de uma semana, o público acompanhou a banda em todas as músicas, desde a já famosa “Zero” até a novíssima “Você Fez Merda”. Isso enquanto não entoava um coro espontâneo de “FORA TEMER!”. Em uma apresentação bela e empoderada, a Liniker bate o pé para dizer que veio pra ficar. E que bom, Liniker. Muito obrigado!

Festival MADA mostra pluralidade em sua 18ª edição
Foto: Ranyere Damasceno

Por falar em empoderamento, Karol Conká é teu primeiro nome. E ela não precisa de muito para prender nossa atenção. Só ela e um DJ já mostram a força da mulher negra, esteja ela onde estiver. Aliado a isso, ela ainda usa o palco para falar sobre a importância da quebra dos padrões. O público, claro, adora e nesse momento já está totalmente ganho. Sucessos como “Gueto ao Luxo”, “Sandália”, “Lista Vip” e “Tombei” dão o tom ao animado show. A surpresa maior ficou para o fim de sua apresentação quando ela fez um belo cover do já clássico “Back to Black”, de Amy Winehouse.

É claro que grandes eventos sempre trazem consigo alguns problemas. Filas bem maiores do que a paciência permite aguardar, pouca segurança que desencadeou vários furtos dentro do local e um equívoco no dimensionamento que deixou a área vip praticamente intransitável no primeiro dia foram alguns dos que aconteceram no MADA. Porém, isso não tira o brilho e a importância desse festival que já é um dos mais relevantes no mapa da música independente do Brasil. Torcemos para que a curadoria continue vendo o que o seu nicho aprecia, não somente o que nos dizem que é comercial. Talvez esse seja o segredo de mais 18 anos da música alimentando a nossa alma.

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