Kennedi Lui, do Zebra Zebra, durante gravação de clipe em ferro velho
Clipe de "Regra, Sermão e Temaki" foi gravado em um ferro velho. Foto: Roberta Garcia

Uma grande porrada. A música “Regra, Sermão e Temaki” lançada pelo Zebra Zebra no domingo (7) mostra uma banda mais pesada e ácida, discutindo temas importantes como o racismo, pobreza e drogas.

Por conta da troca de integrantes, a música gravada em 2014 ficou guardada por quase dois anos e finalmente foi lançada com um videoclipe tão potente quanto a canção. As imagens foram feitas em Março deste ano na favela Dique Sambaiatuba, na cidade natal da banda, São Vicente.

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Conversamos com o vocalista Kennedy Lui sobre o vídeo, a experiência de gravar em uma favela e o novo álbum, que já está a caminho.

O Zebra Zebra chegou a parar nos últimos anos? Não me lembro de visto novidades por algum tempo. Também vejo caras novas no clipe.

Não chegamos a parar. Nem anunciamos pausa, hiato, ou qualquer coisa do tipo. Não curtimos isso. Seguimos trabalhando, fizemos clipes, programas de TV, shows. Só não rolou gravar músicas inéditas, porque não dava tempo suficiente com uma mesma formação.

Então sim, tem caras novas. O baixista, Alexandre Delgado, está há 2 anos na banda. Um cara mais maduro, com muito repertório, veio de uma escola de funk, soul e outras vertentes. Traz uma sonoridade incrível pra banda. Já o Lucas Real é baterista do nosso maior ídolo Jorge Benjor. Quando ele disse que toparia tocar conosco foi uma felicidade enorme. Ele traz uma energia que é nítida nos shows. Estamos todos muito felizes em tocar juntos.

Qual foi a inspiração que te fez enxergar todos os fatos e números que estão no vídeo de “Regra, Sermão e Temaki”?

A ideia inicial da melodia da música é do Eric (Guitarrista). Ele trouxe uma música raivosa. Eu e ele estávamos chateados com a banda que só estava patinando nas composições. Ele canalizou a raiva numa melodia direta e agressiva.

Na época que escrevi a letra eu estava atento a muitas discussões políticas (produtivas ou não) sobre diversos assuntos e cheguei à conclusão de que devemos discutir se o nosso modo de vida é eficiente. Não está parecendo. A ideia é levantar essa discussão, criar essa reflexão. É uma crítica à sociedade, que funciona perfeitamente como uma autocrítica, como sempre fiz com as letras do Zebra Zebra.

Como foi gravar no Dique Sambaiatuba? Vocês precisaram conversar com os moradores, explicar a ideia? No fim das contas, você ainda está indo a um lugar pouco comum para uma produção audiovisual.

Não tivemos que explicar a ideia, pedir permissão ou nada do tipo. O ferro velho é de um amigo meu, que mora nessa favela também. Fomos bem respeitados. Algumas pessoas vinham acompanhar o que estávamos fazendo, viam que era um trabalho sério e respeitaram plenamente.

Inclusive, a máquina de fumaça que usamos foi emprestada de um vizinho do ferro velho. Ele deu a sugestão, nós adoramos a ideia e em 5 minutos ele estava de volta com a máquina. Quando se tem respeito dá para transitar em qualquer lugar. Respeito é a lei.

Quais as lições que você traz dessa experiência com a Zebra Zebra?

A lição que fica é que a situação está cada vez pior nas periferias. A esmagadora maioria das pessoas que mora lá é de gente trabalhadora, mas que vive em situações muito ruins. Sem oportunidades, sem perspectivas. A coisa tá feia, muito feia. Eles precisam de representatividade verdadeira, de gente deles que olhe por eles. Precisam se unir para mobilizar e tirar os incompetentes que estão no poder.

Outras novidades ainda para a Zebra Zebra este ano? Outras músicas, shows?

Já começamos a pré-produção de um disco novo. Devemos entrar em estúdio em breve para gravar as primeiras músicas. Estamos trabalhando na produção de uma live session num lugar bacana, que ainda é segredo. Vamos produzir muito material. Não queremos e não vamos mais ficar parados!

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