CPM 22 fala sobre novo álbum, João Rock e 20 anos de estrada

Conversamos com uma das maiores bandas de hardcore no Brasil logo após a apresentação dos caras no festival

Foto por Beatriz Satto

Vocês conferiram aqui no TMDQA! a nossa resenha para o sempre ótimo João Rock, festival que conta com um lineup inteiro brasileiro e de muitíssima qualidade. Um dos shows que mais lotaram e fizeram a galera pular por lá foi o do CPM 22, talvez a banda de hardcore mais consolidada no Brasil, e que está em turnê celebrando com muito estilo os 20 anos de carreira.

E claro, como não poderia deixar de ser, conversamos com o vocalista Badauí e o baterista Japinha logo depois da apresentação para sabermos um pouco mais do novo álbum do grupo, nova cena do rock nacional e até uniforme oficial dos shows.

Confira!

TMDQA!: O CPM 22 participou de toda essa revelação de bandas de rock e hardcore nos anos 2000, mesmo tendo começado em 1995. Como é para vocês, agora, ver toda essa nova safra de bandas e ver o João Rock apoiando essa galera?

Japinha: Acho que o João Rock é um vitorioso como festival, porque no país onde o rock é forte, mas tem altos e baixos na mídia, o João Rock apostou nos roqueiros e nos fãs de rock independente da onda. A gente tá vendo aí uma onda de sertanejo e de funk há uns 7 ou 8 anos, e o festival todo ano lotado, cada vez maior. Ainda no interior de São Paulo, uma terra teoricamente sertaneja, e os caras não param de crescer. A gente não vê outro festival nesse estilo e deste tamanho que seja de reggae, sertanejo, ou funk, então isso mostra o potencial do rock. Por outro lado, infelizmente, a internet que é uma ótima ferramenta e uma revolução na tecnologia, acabou complicando o nosso segmento e deu uma pulverizada no jeito das pessoas ouvirem o rock, curtirem as bandas. CD não vende mais, agora é só MP3 e streaming, e o mercado acabou perdendo força. As bandas que surgiram nos últimos dez anos, com raras exceções, não vieram com a mesma pegada, com a mesma essência por causa disso. E aí estamos numa onda, tanto aqui quanto lá fora, de falta de bandas grandes. Os anos 90 e 2000 foram a última safra de bandas boas que vieram e ficaram. Mas mesmo assim o rock permanece, a gente faz shows lotados pelo Brasil inteiro e podemos viver de música. Estou torcendo para surgirem novos grupos assim, e o João Rock mesmo vem dando força pra isso com o palco Fortalecendo a Cena, com bandas legais como o Scalene e o Supercombo, e agora é torcer pra essa cena se fortalecer mesmo.

TMDQA!: Como estão os planos do CPM 22 agora? Novo álbuns, novas músicas, mais shows?

Japinha: Temos tudo isso! (risos) Estamos para lançar um DVD no meio do ano, do Rock In Rio que a gente tocou no ano passado, um show histórico pra gente. Estávamos com medo pois íamos abrir o Palco Mundo para o System Of A Down, Queens Of The Stone Age, mas a galera veio junto e cantou o show inteiro, mereceu esse DVD. Aí por causa disso nós adiamos o lançamento de um CD novo, que ia sair agora mas ficou para o ano que vem, Janeiro ou Fevereiro. Aí se vai tocar muito ou não vai depender dos ventos da mídia. (risos) Estamos indo para o nono disco e todos os oito foram bem e renderam boas turnês, rodamos o Brasil inteiro e foi muito satisfatório.

Badauí: Temos mais de 20 músicas prontas e é o que eu busquei a vida inteira. As canções estão exatamente ligadas ao estilo musical que eu ouço e que eu gosto. Eu amo tudo o que a gente já fez, mas cara, esse disco que vai vir está me satisfazendo muito. É o estilo de punk rock que eu curto, então o projeto é esse. […] E continuar a turnê de 20 anos, que está no final. Foi uma turnê muito legal e divertida, a gente pode brincar muito com o setlist. No João Rock mesmo colocamos músicas que não tocávamos há muito tempo. Estamos numa fase incrível, a formação da banda está sensacional. Agora é lançar o disco e continuar na estrada, com turnê nova e visual novo.

TMDQA!: Eu vi que vocês estão uniformizados agora!

Badauí: Pra comemorar os 20 anos, né. Foi uma ideia minha que partiu do Rock In Rio, onde começou a turnê de aniversário. Fiz o brasão com a ajuda do meu amigo Ricardo Tattoo e falei, “Vamos colocar isso daí nas costas”. Tivemos a ajuda também da marca Dickies, pois queríamos fazer esse uniforme working class e tinha que ser com eles. A gente estava usando a camisa preta, e aí pro João Rock a gente fez uma cor diferente e ficou muito legal. É bom ter esse tipo de preocupação visual e estética. As bandas que eu curto fazem coisas parecidas, e isso passa a impressão que você se preocupa com o seu trabalho, que você está pensando no show além das músicas.

TMDQA!: Tem algum projeto paralelo rolando ou agora o foco é só no CPM 22?

Badauí: Na música eu tenho o Medellin, mas está parado agora porque o Hóspede e o Monstrinho estão na Europa com o Worst, todo mundo tem muito trampo rolando. É um projeto que a gente já tinha em mente de não trabalhar tanto por conta do tempo. Eu tenho meu bar também, o Cão Véio em São Paulo, e tô focando em expandir a marca e levar para outras cidades com as franquias que a gente começou agora com o [Henrique] Fogaça. Mas em relação a música, o foco é no CPM.

TMDQA!: Nós vimos durante o show que a resposta do público foi enorme e rolou até rodinha punk. O que representa para vocês ter esse tipo de relevância depois de todos esses anos?

Badauí: Pô, é a essência do que a gente vive e do que a gente absorveu. Eu vou em shows pra caralho, shows de punk rock, e é isso que eu quero pra mim, é o que eu sempre quis. Essas rodas sempre fizeram parte, e é legal porque a gente, querendo ou não, mostra uma essência underground para um grande público através de um festival como esse.

Confira abaixo os recados super legais que os caras mandaram para o TMDQA!, e fique ligado aqui no site, pois postaremos mais entrevistas com atrações do João Rock 2016.

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