Chula Rock Band

por Priscilla Rocha

Conheci a banda mineira através de um festival que coordenei e de lá pra cá é visível e muito bom ver o crescimento e a produção de materiais cada vez mais conceituados e profissionais.

Em pouco mais de 5 anos, a Chula Rock Band lançou 2 discos, 2 EPs e 2 DVDs. O disco Agora é Guerra, lançado em 2015, foi premiado entre os melhores do ano pela Agência de Comunicação Correio e Musical Street no Prêmio de Melhor Disco Independente de Rock de Minas Gerais (PMDIR-MG). Ainda em 2015 a banda fez seu primeiro registro ao vivo lançado apenas em formato de DVD e dando início a uma nova vertente na carreira da banda. “Chula Folk Sessions” foi gravado em novembro no R.Barber Club em Divinópolis/MG. Contém 14 canções reunidas em uma “session” intimista fazendo uma seleção de músicas de toda a carreira com um sotaque mais folk/country.

Para aproveitar o lançamento e mostrar que tem muita música boa autoral em Minas Gerais, batemos um papo bem legal com a banda para falar não só sobre o trabalho recém lançado da banda como mostrar o por trás e a cena em Minas.

TMDQA! – São 05 anos de estrada e história com a Chula Rock Band e muitas conquistas. Como que foi o ano de 2015 pra vocês em relação a produção e lançamento de material?
Chula: 2015 foi o ano que mais lançamos material. Desde o lançamento do primeiro demo em 2012 fazemos um lançamento por ano. 2013 foi um EP, 2014 outro. Já em 2015 começamos o ano com o disco Agora é Guerra que tinha 10 faixas com participações especiais, gravado ao vivo no estúdio e tudo mais. Foi um grande passo em termos de nível de produção e gravação. Esse CD fez a gente rodar muito bem pelo Brasil e no segundo semestre, logo no comecinho, lançamos o DVD “Diário de Bordo”. Uma espécie de minidoc da gravação do Agora é Guerra. Aproveitamos que as bases foram gravadas ao vivo e geramos um clipe de cada canção juntamente com o documentário. Não satisfeitos, lançamos em dezembro o DVD “Chula Folk Sessions” com uma proposta diferente do que vínhamos fazendo no decorrer do ano. Foi gravado dentro de uma barbearia, com o público sentado no chão, bem intimista. E 2016 já começou e já temos planos pra esse ano também (risos).

TMDQA! – Mesmo em meio a tanta informação, lançamentos, vocês optaram por lançar em 2015 um disco full chamado Agora é Guerra. Acreditam que esse modelo é melhor do que um compacto (EP)?
Chula: Pra gente, a grande diferença de um álbum para um EP é o conceito. Em um álbum você tem mais canções pra explorar o contexto e no caso do Agora é Guerra, o contexto passa por tudo: letras, arranjos, arte, fotos e tudo mais. É um disco que fala sobre superação, sobre garra, parceria, todos os elementos necessários para uma “guerra”, claro, uma metáfora pra vida, pra guerra do dia a dia. Já havíamos lançado 2 EPs nos 2 anos anteriores e achamos que estava na hora de lançar um álbum, algo mais denso. E justamente pensando nisso, já discutimos também que em 2016 vem outro álbum dentro de um projeto especialíssimo para o qual fomos convidados e em seguida, voltaremos aos EPs.

TMDQA! – No disco vocês trouxeram participações como o Galldino, Pedro Pelotas e Wilson Sideral, o quanto acham fundamental convidar músicos e amigos para um projeto como um álbum cheio?
Chula: Primeiro foi um prazer ter esses caras conosco, é bom quando a relação fã/ídolo se torna amizade e parceria de trabalho. A importância pra gente é imensa. Quando se discute em algum fórum ou rede social sobre o porquê do rock não estar em alta, alguém comenta o quanto os outros estilos se ajudam, artistas participam do disco um do outro e tudo mais, e no rock isso é algo não tão comum. Acreditamos que o começo da guerra pra reerguer o rock parte da união e por isso, convidamos três caras completamente diferentes. O Sideral com todo seu swing e sua veia pop em “Puro Instinto”, o Galldino com seu violino mágico trazendo um toque de sofisticação em “A oração” e o Pelotas com todo rock’n’roll gaúcho para “Amizade Colorida”. Não queremos parar de fazer isso em nossos discos e também ficamos muito felizes quando participamos dos discos de outras bandas.

TMDQA! – Como foi o processo criativo e estratégico para o DVD Chula Folk Sessions?
Chula: Foi rápido, muito rápido (risos). Gastamos menos de 60 dias entre a ideia inicial até o lançamento, mas tudo foi planejado. Como o próximo disco terá muitas baladas e um pé no folk rock, resolvemos fazer algo transitório. Daí surgiu a ideia do Folk Sessions. Nunca quisemos gravar em casas de show, por isso a opção de gravar dentro da barbearia, um local que já está decorado, que tem todo esse clima old school e seria perfeito. Em 15 dias já tínhamos toda a equipe de áudio, vídeo e backstage, faltavam os arranjos. Em mais 15 dias tudo foi criado e lapidado da forma exata que gostaríamos. E aí, com 30 dias, gravamos. Um dia de gravação só, começamos a montagem às 7 da manhã e começamos a gravar às 4 da tarde. O clima foi sensacional e foi fácil tocar cercado de fãs e amigos, todos convidados um a um. Gravado, tínhamos 27 dias para finalizar e lançarmos na época que queríamos. Soltamos a pré-venda dia 8 de dezembro e aí que a estratégia se justificava. Era um produto para vender no Natal, e deu certo. Fizemos o caixa de fim de ano que queríamos e agora em Janeiro vai rolar um segundo lançamento do mesmo DVD, agora sim com mais calma na divulgação. “Ai, ai” que é a canção inédita do DVD, já foi lançada no dia 15/01 no YouTube e agradou bastante nosso público.

TMDQA! – Como é a cena musical independente e autoral em Minas Gerais?
Chula: Como todo lugar, o autoral tem menos espaço do que a cena cover, mas estamos crescendo. Cada vez mais bandas têm se unido, casas de show têm comprado algumas brigas em prol disso. Em BH hoje temos uma casa que só pode tocar banda autoral, isso é genial e fundamental pra mudar o futuro do rock. Acho que estamos fazendo bem o trabalho e temos feito parcerias com grupos de bandas independentes em outros estados também, o que facilita bastante pra rodar fora de Minas. Acredito que em um futuro breve o rock autoral vai voltar a ter o espaço que merece.

TMDQA! – Hoje a banda consegue viver de música? E como se distribuem para alavancá-la?
Chula: Sim, hoje nós todos trabalhamos só com a música. Dentro da banda, há uma divisão de tarefas, um cuida da lojinha, outro cuida do balanço financeiro, um cuida de vendas e relações públicas, outro produção e planejamento. Claro que todos ajudam todos, mas cada um tem autonomia na sua área. Além disso, há outros trabalhos por fora da banda, mas ainda no ramo da música. Rhodes é produtor musical e diretor de clipes, Pedro tem um projeto de bateria com música eletrônica, Fox também tem outros projetos musicais e o Chula faz violão e voz. O importante é viver do ramo, fortalecer a música e fazer com que esse mercado seja cada vez mais sólido. Estamos no interior de Minas Gerais e sim, é possível viver de música, é possível trabalhar com o que ama e fazer seu trabalho autoral dar certo. Não pode é querer caminhar sozinho, achar que sabe o caminho. A gente sempre precisa estar de mãos dadas com outras bandas, outros profissionais e fazer com que nosso som chegue a todo mundo. E claro, profissionalizar, estruturar a casa e fazer tudo que os grandes fazem, mas dentro da sua realidade.
É isso ai, fique de olho e tente sempre explorar mais para conhecer novas bandas. O Rock não morreu e há muita banda bacana para ser prestigiada!

Nos vemos em breve na próxima entrevista ;)

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