Ouça o novo álbum da banda The Sidekicks

Tem acontecido com bastante frequência.

Bandas de punk rock iniciam suas carreiras com discos voltados a três acordes, refrães pegajosos e, basicamente, o objetivo de se divertir na estrada.

Os shows aparecem, as influências também, e os mais diversos aspectos da vida dos integrantes começam a ser incorporados na sonoridade do grupo, transformando o próximo disco e o próximo e o próximo e o próximo.

Foi assim com o mais recente do Title Fight, do Ceremony, e agora, do The Sidekicks.

O grupo de Cleveland, Ohio, lançou seu primeiro disco em 2007 através de So Long, Soggy Dog, e ganhou fãs na cena punk americana, lançando seus dois trabalhos seguintes pela conceituada Red Scare.

Para seu mais novo álbum, porém, o Sidekicks resolveu revirar a discografia do Built To Spill e emprestou diversos elementos da sonoridade da banda para as faixas, como as guitarras e, mais especificamente, os vocais.

A voz aguda e um tanto quanto anasalada que cai tão bem em belas canções de indie rock foi usada à exaustão e levada quase que a perfeição pelo produtor do álbum, Phil Ek.

Para quem não reconheceu, o cara trabalhou com outros nomes mais “recentes” que também são mestres do estilo: The Shins e Band Of Horses, além do próprio Built To Spill. É impossível, inclusive, não relacionar a voz de Steve Ciolek, líder do Sidekicks, à de Ben Bridwell logo na primeira faixa do disco, “Hell Is Warm”.

“Everything In Twos” é um resquício da obra punk rock do The Sidekicks devido à sua vibe “pra cima”, palavrões e um refrão delicioso. Tudo, é claro, é coberto pela camada indie/folk/quase-shoegaze que rege o álbum.

“Jesus Christ Supermalls” pisa no freio um pouco e é uma verdadeira ode ao rock alternativo dos anos 90 que deixaria nomes como Dinosaur Jr. satisfeitos. Na letra estão assuntos abordados com frequência por aqui, normalmente ligados ao mundo próprio de Ciolek e bem próximos de sua vida pessoal, a respeito do cotidiano que poderia ser de qualquer jovem americano.

A produção de Phil Ek fica bastante visível em “The Kids Who Broke His Wrist”, principalmente quanto aos vocais que abrem a faixa, cujo verso prioriza a linha de baixo e é uma viagem aos Anos 80, antes da bela, porém arrastada “Pet”, e suas camadas de guitarra.

O punk está de volta em “Blissfield, MI”, com uma mistura do estilo ao shoegaze, rock alternativo e uma pitada de garage rock. É uma mudança interessante dentro da ordem das faixas antes de “Deer”, outra que remete (não apenas pelos animais) ao Band Of Horses na sua melhor forma.

“Summer Brings You Closer To Satan” segue a mesma linha enquanto “Century Schoolbook Grown-Ups” aposta na dupla baixo + bateria além de guitarras e mais guitarras, com os mais diversos efeitos e distorções, antes do vocal guiar a faixa.

Ao final do álbum, “Satellite Words and Me” e “Spinning Seat” não fogem muito da fórmula utilizada até aqui, e talvez essa seja a única crítica ao álbum, que poderia evitar a repetição e até mesmo cortar algumas das faixas.

“All Things Run” é a escolha curta, pesada e sombria para encerrar o disco que marcou a estreia do The Sidekicks pela gigante do underground, a Epitaph Records.

Runners In The Nerved World é uma ótima pedida para quem é fã dos estilos e bandas citados durante a resenha, bem como dos fãs de punk rock que têm seus ouvidos abertos para as experimentações de representantes do estilo.

Ultimamente a “evolução” na sonoridade desses grupos, por mais que eu odeie essa palavra, tem se mostrado produtiva na maioria das vezes. Com o The Sidekicks não é diferente.

(Curiosidade: a arte de capa do disco foi feita por Jeff Rosenstock, conhecido pelo Bomb The Music Industry! e sua carreira solo).

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