Quinn Sullivan visita ONG em periferia de São Paulo

Colaborou: Fernando Branco

Mesmo que indiretamente, os ídolos servem para nos inspirar. São como espelhos. O guitarrista e cantor de blues Quinn Sullivan, atualmente com 16 anos e uma longa carreira, sempre olhou para as lendas do gênero que toca com admiração e vontade de aprender. Talvez, na última terça-feira (16) uma história como essa tenha começado a acontecer novamente.

Sullivan, uma das atrações do Samsung Blues Festival que começou nesta quarta-feira (17), aproveitou seu dia de folga entre um show e outro para conhecer a Casa do Zezinho, ONG que atua na periferia de São Paulo. O músico visitou as instalações, fez um pocket show com suas faixas e alguns covers clássicos como “Blackbird”, respondeu questionamentos das crianças e até fez uma jam com integrantes do Toca, Zezinho, projeto da casa focado em formar músicos.

O artista falou sobre a importância de atividades que ajudem a desenvolver o potencial dos jovens. “Eu acredito que projetos como esse são demais. Acho mesmo que deveriam existir mais iniciativas como essa. Foi uma oportunidade inesquecível, nessa minha primeira visita ao Brasil. Conhecer os jovens da casa e poder de alguma forma ensinar e aprender com eles foi incrível”, declarou. Em seguida ainda tivemos um tempinho para conversar com o Sullivan sobre carreira, o status de prodígio da música e algumas outras coisas:

Quinn Sullivan visita ONG em periferia de São Paulo

TMDQA!: Você começou a tocar e ficou famoso muito jovem. Considerando que o blues não é um estilo muito popular com adolescentes, como aconteceu seu primeiro contato com ele?

Quinn Sullivan: A primeira vez que ouvi Blues foi quando meu pai me levou a um festival que o Eric Clapton estava tocando e um cara chamado Buddy Guy subiu no palco e tudo que ele fazia chamava minha atenção. Sua presença, sua maneira de cantar. E acho que qualquer um que tiver a oportunidade de ver o Buddy Guy também vai ficar assim. Depois disso, eu comecei a pesquisar cada vez mais sobre o estilo.

TMDQA!: E agora você tem uma relação muito próxima com o Buddy. Como aconteceu isso?

Quinn Sullivan: Sim! Ele é meu mentor e um grande amigo. Eu tenho muita sorte por isso. Não consigo pensar em uma pessoa melhor para isso, não dá para descrever com palavras o que ele faz por mim. É surreal pensar nisso. Tenho muito orgulho de sermos amigos.

TMDQA!: Em 2013, com apenas 14 anos, você participou do Crossroads Guitar Festival e tocou com gente como Clapton, BB King, Buddy Guy e outros. Como foi isso?

Quinn Sullivan: Foi legal demais. Foi como um sonho se tornando realidade. Primeiro eu toquei com o Buddy, mas depois Eric chamou todo mundo no palco na última música. Ficamos lá, numa espécie de passarela com o Eric no meio e todos os outros e eu. Só de pensar que eu fiz parte de algo desse tamanho me deixa sem palavras. E eu conheci tanta gente legal por causa disso. O Eric, obviamente. O Gregg Allman também, que depois do show veio e me disse coisas muito gentis. Também conheci o Keith Richards, do Rolling Stones, e foi demais! Foi uma ótima noite. Inesquecível.

TMDQA!: Falando sobre o BB King, ele também era uma influência para o seu trabalho?

Quinn: Eu tinha nove anos quando conheci BB King. Buddy me levou no ônibus dele quando tocou em Boston. E ele foi tão legal. E tem todo o lance da sua personalidade, legado e história. E você pensa em tudo isso e lembra que ele é o rei do blues. É uma coisa muito grande ter a chance de conhece-lo. Uma vez eu estava vendo um show, sem ter nada planejado, e ele me convidou para subir no palco e tocar. E como minha guitarra estava no carro, ele acabou me emprestando a dele. E eu fiquei: “Cara, ele me emprestou a guitarra dele. Eu não posso quebrar isso!”. E tudo isso são experiências maravilhosas que nunca vou esquecer e devo sempre me sentir grato por elas. Todos esses caras, são pessoas normais. Eles são caras normais. Eles são famosos, mas quando você está numa sala com eles, vê que são normais.

TMDQA!: Fora as lendas, quais novos artistas de blues você admira?

Quinn: Muitos outros. Jack White e John Mayer, por exemplo. O Mayer é um dos meus guitarristas e compositores preferidos de todos os tempos. Gary Clark Jr. também é bem legal.

TMDQA!: Como você lida com o status de prodígio do blues?

Quinn: Eu não sou muito chegado a essa palavra. As pessoas tem a usado bastante ao longo dos anos e eu acho que já passou um pouco do ponto. Eu já estou envelhecendo. O Buddy costuma me falar uma coisa que o BB King dizia para ele: “Não importa se você é bom ou ruim, contando que faça seu trabalho”.

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?

Quinn: Sim, possivelmente! Para ser bem honesto, eu ouço muita música e tenho bastante coisas no meu iPod, mas também tenho ótimos amigos.

Casa do Zezinho

A Casa do Zezinho foi fundada em 1993 pela “Tia Dag”, atendendo na época apenas sete crianças. Hoje, atende, anualmente, mais de 1.700 crianças e jovens, com idade entre 6 e 29 anos e em situação vulnerável, carinhosamente chamados de “Zezinhos”. Eles são envolvidos em atividades de educação, arte, cultura e formação geral e em oficinas de capacitação profissional. “Por meio da educação e de nossas atividades, jovens talentosos conseguem transformar suas perspectivas e correr atrás de seus sonhos”, conclui Tia Dag.

Samsung Blues Festival

São Paulo recebe nos dias 17, 18, 19 e 20 de junho, um time de prestígio repleto de estrelas do blues e da música internacional no Samsung Music Festival. Grandes nomes Quinn Sullivan, Charlie Musselwhite, Jimmie Vaughan, George Benson e Ben Harper passaram pelo palco do HSBC Brasil.

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