É sempre uma tarefa bastante difícil falar sobre o novo disco de uma banda que já teve seu auge, ainda mais quando ela toca um gênero que também já teve seus dias de glória para um grande público, nesse caso, o punk rock, na forma do pop/punk e hardcore melódico.

Sem dúvida alguma o Millencolin, da Suécia, foi um dos nomes mais importantes para os fãs desses estilos nos anos 90 e 2000, principalmente através de álbuns como Life On A Plate, de 1995 e o impecável Pennybridge Pioneers, de 2000.

De lá pra cá, porém, o punk rock não tem a mesma visibilidade que tinha ao final dos anos 90 e início dos anos 2000, com nomes como Green Day, The Offspring, Rancid e Blink-182 fazendo barulho entre os grandes públicos enquanto sua exposição alimentava nomes similares no underground.

Talvez por isso, muita gente receba o novo disco do Millencolin com o típico “Eles ainda existem?”, ou “De volta para a minha adolescência”, mas de 2000 pra cá o grupo lançou mais três álbuns, sendo o último deles Machine 15, de 2007.

Em 2015 a banda quebra seu maior período sem um novo disco com True Brew, produzido e gravado pelo próprio grupo e lançado pela Epitaph, gravadora fundamental para a explosão de boa parte dos nomes que citamos acima e/ou pela fundação de outros tantos.

O novo disco do Millencolin não traz nada além daquilo que já conhecemos da banda: guitarra, baixo e bateria dando suporte à voz melódica e inconfundível de Nikola Sarcevic, que canta letras sobre o dia a dia com a paixão de quem fala dos mais sérios e importantes assuntos. E isso que é o ponto alto de True Brew.

Décadas após a sua fundação, o Millencolin soube unir diversos elementos de sua carreira para fazer um disco que é a cara da banda. Se você quiser apresentar o grupo a um amigo, o álbum é um baita cartão de visitas, e viaja desde os refrães pegajosos até as oitavadas características e pequenas experimentações aqui e ali.

Seria tolice esperar que a banda reinventasse a roda ao invés de fazer o que mais gosta. E muito provavelmente o resultado não agradaria nem os fãs, nem a banda.

A abertura com “Egocentric Man”, que lembra fases mais recentes do NOFX, dá o tom do álbum e empolga desde o primeiro segundo e o primeiro riff de guitarra, enquanto “Chameleon” desacelera o ritmo para uma daquelas clássicas canções do Millencolin que simplesmente não poderiam ser de outra banda e abrem um sorriso na cara do ouvinte.

“Autopilot Mode” continua na mesma linha enquanto “Bring Me Home” é um dos pontos altos do disco. Sua introdução prepara o terreno para um refrão mais pop/punk impossível, que, não tenho dúvidas, será gritado a plenos pulmões em todos os shows dos europeus.

“Sense & Sensibility” foi a primeira música da banda a ser disponibilizada quando do anúncio de True Brew e também remete a outros nomes do punk rock, como o Bad Religion. Demora pouco, porém, para que ela ganhe a cara do Millencolin e também se mostre como outro destaque do trabalho.

“True Brew” empresta seu nome ao disco e traz Nikola experimentando com vocais mais rasgados, em mais um balanço interessantíssimo entre peso e melodia, enquanto “Perfection Is Boring” antecede o piano de “Wall of Doubt”. Quando você pensa que a banda vai embarcar em uma balada, as coisas voltam a ficar rápidas como manda a cartilha do hardcore melódico.

Daqui até o final do disco, a fórmula se repete. Melodia, peso, velocidade, “na na na”, refrão grudento. Tudo que você espera de um disco de punk rock e pop/punk aparece aí até chegarmos à marca dos 34 minutos.

Com True Brew, claramente o Millencolin não quer reinventar nenhum estilo, nem ser a mais nova velha banda descolada ou alcançar outros públicos. Ao invés disso, lança um baita disco de punk rock com o selo de garantia que só anos de história podem trazer a uma banda. Sem dúvida alguma, é um dos melhores álbuns de toda a sua carreira.

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