Foto por Lollapalooza Brasil

Billy Corgan é um artista em conflito com a sua obra.

Há algum tempo ele vem dizendo que será necessário reavaliar a existência do Smashing Pumpkins e hoje, em entrevista ao nosso Guilherme Guedes para o Multishow, falou que confia muito na banda, mas que não entende o estado atual do rock ou como as pessoas vão a grandes shows de música eletrônica. Também não gosta de como seus fãs se prenderam ao catálogo do passado.

Disse, inclusive, quando questionado sobre uma mensagem aos fãs do país, que “não tem nenhum fã no Brasil.”

Não é verdade, e isso ficou evidente quando milhares de pessoas se aglomeraram em frente ao palco da banda para ver sua apresentação.

O que se viu no Lollapalooza Brasil foi um contraste entre Corgan e o público: enquanto o primeiro se empolgava quando tocava as músicas do mais recente álbum, Monuments To An Elegy, o segundo pulava e cantava em êxtase com clássicos como “Tonight, Tonight”, “Ava Adore” e “1979”, onde muita gente colada à grade foi às lágrimas.

Ainda que não tenha cantado as músicas mais novas com a mesma empolgação, o público se mostrou extremamente interessado pelas canções, e principalmente pelos pesados riffs de Corgan aliados aos seus vocais por vezes melódicos, por vezes gritado.

É importante ressaltar, também, que em sua história o Smashing Pumpkins perdeu, literalmente, todas as peças originais com a exceção do seu líder, então se entende o desinteresse. A formação que veio para o Brasil, por exemplo, conta com integrantes de outras bandas (The Killers, Rage Against The Machine) que muito provavelmente não continuarão com o grupo.

Conflitos pessoais à parte, o show do Smashing Pumpkins foi um dos melhores do Lollapalooza Brasil 2015, sem dúvidas. Rock, de verdade, como foi o de Jack White encerrando o dia anterior, e momentos belíssimos com a plateia.

O primeiro deles veio antes da emocionante “Disarm”, quando Corgan parou para apresentar sua banda. Aproveitou o momento para dar parabéns a Perry Farrell, organizador do festival que estava de aniversário e para dizer que o seu foi há alguns dias, como a gente viu por aqui.

Ainda revelou que uma de suas gatas morreu nos Estados Unidos enquanto ele estava na América do Sul, e logo teve uma gata de pelúcia oferecida para si por uma integrante da plateia. Antes de começar os melancólicos acordes da canção, ele agradeceu a oportunidade de estar ali e reverenciou o público.

O momento épico do show foi após a pesadíssima (e ótima) “Bullet With Butterfly Wings”. A banda deixou o palco, e depois de um tempo Corgan voltou sozinho, acompanhado de um violão.

Teve início uma versão acústica do clássico “Today”, assim como fogos de artifício que marcavam o fim do festival. Billy (ou William?) interrompeu a canção e olhou com cara feia para o céu, mas continuou.

Em um daqueles momentos que ficarão eternizados nas mentes dos fãs, nem precisou que o artista começasse a cantar a música e o público o fez por conta própria. E se a guitarrinha emblemática da introdução fez falta, a guitarra distorcida do meio da canção apareceu na forma da plateia, que “cantou” o instrumento.

O Lollapalooza Brasil 2015 acabou com Rock, com “R” maiúsculo, através de uma banda que marcou época nos Anos 90 e que está com uma série crise existencial. Que ela seja resolvida.

Setlist

  1. Cherub Rock
  2. Tonight, Tonight
  3. Ava Adore
  4. Being Beige
  5. Drum + Fife
  6. Stand Inside Your Love
  7. 1979
  8. Pale Horse
  9. Monuments
  10. Drown
  11. Disarm
  12. One And All (We Are)
  13. United States
  14. Bullet With Butterfly Wings
    Bis
  15. Today (acústico)

 

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