Domingo – Martim Cererê

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Tendo em vista que o festival ocorreu durante três dias (debaixo de chuva) o público no Domingo foi realmente surpreendente. Comparecendo em peso no Martim Cererê, o pessoal demonstrou interesse por praticamente todas as bandas do evento.

O público ainda era bem escasso nas apresentações das primeiras bandas, mas por volta da metade da apresentação da Almost Down uma galera começou a aparecer, interessados pelo punk pop dos goianos. O folk da banda Two Wolves também chamou atenção, principalmente por ser uma novidade de altíssimo nível na cena musical goiana atual.

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Bang Bang Babies

O grunge mesclado com hard rock da banda Dogman foi tocado para um público maior, que apesar da chuva que caia encheu gradativamente o teatro do Martim Cererê. A banda apresentou um setlist recheado de canções que agradam qualquer bom apreciador de rock, com riffs pesados e um vocal de altíssima qualidade tendo a música “Desert” novamente como destaque do show, como ocorreu em apresentações passadas da banda, acompanhada pelo público que curtia tudo bem de perto. Os goianos da Bang Bang Babies apresentaram um rock com peso e ao mesmo tempo dançante, fazendo até alguns membros da plateia arriscarem alguns passos de dança em músicas mais agitadas como “Barbecue“, por exemplo.

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Luxúria de Lilith

Após ler um breve release sobre a banda Luxúria de Lilith já esperei ver algo macabro no palco, mas a apresentação realmente me surpreendeu. Com temática aterrorizante, algumas reflexões sobre assuntos sombrios durante as músicas e uma vibe satanista, o grupo apresentou seu black metal. Com direito a maquiagem cênica e algo que simula sangue saindo da boca dos integrantes, a banda surpreende também por sua formação, trazendo duas mulheres na linha de frente (na guitarra/vocal e também no baixo), que esbanjam atitude e deixam muita gente de boca aberta. Em diversos momentos, a vocalista/guitarrista soltava uns guturais que, vindos de uma mulher, causam um certo estranhamento. Uma apresentação realmente surpreendente e sombria.

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A banda DDO já havia se apresentado na festa de lançamento do GNF, e desta vez reuniu um público consideravelmente grande desde a primeira música. O “roçacore” que surpreende por mesclar elementos regionais com um instrumental de peso (principalmente o baixo), atiçou o público que em diversos momentos formou rodas de hardcore e cantou junto com a banda na maioria das músicas. A “Pinga Pé de Boi” mais uma vez foi uma das atrações principais do show e a música “O Velho Índio Raizeiro” merece um destaque especial devido à apresentação com uma percussão “extra”, complementando a bateria e preenchendo de forma interessante a melodia da música. Um detalhe que também chamou a atenção de quem estava mais na frente durante o show foi um contraste com toda a intensidade da apresentação: a presença de uma criança andando pra lá e pra cá perto do palco, com fones de proteção nos ouvidos e parecendo curtir bastante a apresentação, dançando animadamente. Essa garotinha quando crescer provavelmente vai curtir um bom rock n’ roll.

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Dry

A banda Dry apresentou seu som pesado para um teatro lotado, mas não muito agitado. Os riffs de baixo bem marcantes e o vocal de altíssima qualidade seguraram o público durante todo o show, mas a galera parecia ainda se recuperar da apresentação anterior, assistindo a tudo de forma mais calma e atenta.

O evento já estava bem cheio por volta das 20:30, o que refletia no público presente nos shows e na maior movimentação no Martim Cererê. Um destaque especial da noite fica por conta da discotecagem em vinil que acontecia perto do bar do evento, onde o Dj Maurício Mota tocava diversos estilos em seu toca disco (dos sons mais alternativos aos mais clássicos) e chamava a atenção de quem estava do lado de fora dos teatros Yguá e Pyguá.

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Discotecagem em vinil

O show do grupo de rapcore Boca Seca atraiu um público diferente, misturando rap com guitarras pesadas, bateria e até alguns instrumentos de sopro durante a apresentação. Com múltiplos vocais e um palco bem cheio, o show agradou aos fãs de rap e , surpreendentemente, também uma parte dos metaleiros que lá estavam presentes.

O clima voltou a ficar mais calmo no show de Daniel Groove, que trouxe uma onda meio praiana, meio MPB para o evento. Foi um show bem mais sossegado que os outros, onde o público teve a oportunidade de descansar um pouco do ritmo do festival e curtir uma boa música.

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Tonto

A Tonto se apresentou logo em seguida, chamando a atenção de muitos interessados no trabalho bastante inovador feito por integrantes da icônica banda goiana Violins. É uma banda que não utiliza guitarras, mas que faz um som bastante preenchido. Os teclados e synths utilizado em muitos momentos fazem as vezes da guitarra e a banda animou bastante o público em músicas como “Distração“, que ressaltam mais uma vez que seis cordas não fazem falta na formação deste grupo e a voz de Beto Cupertino agrada aos ouvidos com seu tom tranquilo e ao mesmo tempo marcante.

O show da banda “O Satânico Dr Mao e Os Espiões Secretos” também foi bem agitado. Com um discurso político, enraizado desde a época dos Garotos Podres, o vocalista Mao comandou um show acompanhado pela velha guarda do rock goiano e também pelos jovens que admiram o trabalho recente do artista. O setlist foi repleto de sucessos da época dos Garotos Podres (“Garoto Podre“, “Aos fuzilados da CSN” e “Anarquia Oi!“)  com a execução de algumas novidades também , como a faixa “Repressão Policial“. Com um teatro lotado e um público cantando violentamente todas as músicas em sincronia com a banda, o grupo fez um show agitado e durante a música “Papai Noel Velho Batuta” (que foi cantada por um Mao “caracterizado” de Papai Noel) o baterista chegou a jogar suas baquetas para o público (uma delas inclusive veio parar bem no meio da minha testa, me deixando com um galo como lembrança de toda a agitação do show, rs) que voltaram para o palco para finalizar a calorosa apresentação com uma última música onde o público formou uma grande roda de hardcore.

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O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos

A banda curitibana Relespública fez um dos melhores shows da noite. Com um estilo voltado para o rockabilly e uma sonoridade bem anos 60 o trio fez o público dançar acompanhando o groove do baixo e vários solos de guitarra bem interessantes. O público acompanhou animadamente boa parte das músicas e “Dê uma chance pro amor” foi um dos melhores momentos da apresentação.

Quase que ao mesmo tempo que a Relespública, quem se apresentou foi um dos grupos mais relevantes e influentes do grindcore goiano, a banda Ressonância Mórfica. Com um guitarrista caracterizado de Chaves (era o que parecia, pelo menos), a banda interagiu bastante com o público, repleto de admiradores do estilo musical executado que batiam cabeça freneticamente durante todo o show.

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Relespública

O próximo show, da banda Cachorro Grande foi um momento conturbado. Com uma demora muito grande para iniciar a apresentação, passagem de som bem longa, mudança de palco e uma grande aglomeração antes mesmo das portas serem abertas, a apresentação foi bem prejudicada no quesito de pontualidade o que dispersou (e irritou) parte do público que esperava para assistir aos dois últimos shows e estava sendo prejudicado por isso.

Apesar disso, o show agradou e o público que compareceu em massa saiu bem satisfeito, comentando sobre o bom desempenho da banda, a presença de músicas mais atuais e também algumas antigas.

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Ressonância Mórfica

As atrações mais esperadas da noite eram a banda americana Terrorizer e a paulista Korzus, que prejudicadas pelo atraso anterior se apresentaram bem tarde, já passando de 1h da madrugada. Devido à confusão com os palcos, houve também troca de ordem nessas apresentações. Os paulistas se apresentaram primeiro, mostrando porque são considerados um dos principais nomes da história do metal brasileiro, com riffs pesados, vocais agressivos, baterias poderosas e um trash metal incomparável. O reflexo de tudo isso foi um público que, apesar de cansado, quebrou tudo durante o show e aproveitou bastante os últimos momentos do Goiânia Noise. Para fechar com chave de ouro, a última apresentação ficou por conta dos gringos da Terrorizer, com um som brutal e extremo, mostrando que apesar da miscelânea presente em todo o festival, o bom e velho rock pesado é a atração mais esperada por um grande público.

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Korzus

Como já foi comentado no início, não é atoa que o Noise já foi nomeado várias vezes como um dos maiores (e melhores) festivais independentes do país. Que venham mais 20 anos de muito rock, novidades e sucesso para o festival e para a cena independente brasileira.

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