Onagra Claudique

Eles podiam estar matando, podiam estar roubando, mas estão tentando financiar “Lira Auriverde”, álbum que tem tudo para ser um dos mais interessantes lançamentos do ano. Sim, estou cravando essa mesmo sem ouvir o que Roger ValençaDiego Scalada estão fazendo. Os dois músicos formam o projeto Onagra Claudique, que traz um indie folk com música experimental com uma originalidade rara por aí.

Com dois ótimos EPs na carreira, conversamos com os dois artistas sobre o álbum de estreia que está nos últimos dias para financiamento. Conheça mais e se curtir, clique aqui e apoie!

TMDQA: Como vocês descreveriam o som da banda para quem não conhece ainda?

Diego: Eclético, com ímpetos de perfeccionismo e muito rigor harmônico.

Roger: A banda conta com dois eu-líricos muito distintos, mas que encontraram nos entremeios de suas diferenças um modo similar de compor e de contar nossas histórias. Temos a literatura como grande inspiração. Entre o Diego, que vê as coisas de modo mais jocoso e foca na sua relação com o mundo, e eu que sou mais melancólico e falo mais da minha dimensão interior, nos preocupamos em ser tão líricos e sinceros quanto for possível. A Onagra Claudique é a transcriação musical dessas percepções.

TMDQA: Existe uma mudança sonora e de amadurecimento entre os EPs. O que as pessoas podem esperar do álbum?

Roger: Quando “A Hora e Vez de Onagra Claudique” saiu, nosso som foi bastante descrito como “folk” graças, principalmente, à delicadeza das faixas e a presença protagonista dos violões. Para este álbum, “Lira Auriverde” preferimos não nos ater a nenhum estilo, tampouco a nenhum instrumento. As faixas ganharam roupagens bastante heterogêneas e os arranjos estão mais experimentais (para nossos padrões, claro). Há bastante presença de guitarras e sintetizadores.

Diego: No início eu o Roger estávamos sozinhos, então tudo se concentrava nos violões. Agora temos uma banda completa. O álbum é eclético e acho que apresenta muitas diferenças em relação ao EP.

TMDQA: Qual o motivo da escolha pelo crowdfunding?

Roger: O ponto de partida é o mais óbvio: o financeiro. Mas a mudança na lógica de construção de um álbum traz consigo uma série de novos fatores que não estavam necessariamente previstos. O estreitamento de nossa relação – o vínculo afetivo – com o público é a principal delas. A possibilidade de produzir uma série de recompensas físicas exclusivas (livros e camisetas entre elas) é também uma oportunidade única.

TMDQA: É um modo de gestão onde o público de algum modo faz parte da criação, também. Vocês acham que esse vai ser um caminho que a música tende a pegar nos próximos anos?

Roger: Sem dúvida. Conforme os artistas forem perdendo o pudor de montar projetos, a coisa começa a se popularizar e a ganhar corpo de forma mais consistente. A quantidade de projetos, e de pessoas que começaram a se acostumar com esse tipo de contribuição direta, já cresceu muito do começo do ano pra cá. Imagine dentro de alguns anos. Acho que a coisa vai evoluir ainda, os projetos de financiamento coletivo podem começar a se tornar cada vez mais interessantes e vantajosos para ambos os lados.

Diego: Com certeza sim, o processo de produção de um disco é muito custoso, as gravadoras estão às minguas, não se levanta recursos vendendo CD, no rádio só com jabá, mas o jabá é caro, consequentemente ganha-se quase nada com direitos de execução. Por outro lado, o financiamento coletivo é uma forma muito sincera e envolve solidariedade. A partir dela se constrói uma relação muito mais forte e entre o público e o artista.

TMDQA: Vocês querem deixar alguma mensagem para nossos leitores, para empolgar eles em ajudar? O espaço é todo de vocês!

Diego: Não me encontro em condições de julgá-lo como bom ou ruim, mas uma coisa eu posso garantir: é um disco muito, mas muito autêntico. São anos e anos pensando nele, e só agora o lançamento. Colocamos nossa bílis, nossos rins e nossos corações nele, parece pouco, mas é demais. Caso não estejam em condições de ajudar, gostaríamos mesmo assim que escutassem o que já temos e baixassem o disco quando sair.

Roger: Temos certeza de que cada sorriso, cada dor, cada lamento, cada revolta, cada perdão, cada júbilo ou sagração impressos nesse álbum são parte de vocês também. Você não está sozinho e compartilhar a feitura desse projeto pode amenizar o peso infinito da vida. Além disso, recomendamos a todos a investir no mecenato como forma de ostentação de pujança lírica.

E vem com brindes. Quem não gosta de brindes?

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