Alcest

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“Uma vez associado ao metal, você nunca deixa de ser associado ao metal.” A frase é de Stéphane Paut, músico francês mais conhecido pelo pseudônimo Neige, francês para “neve”. Um dos músicos mais prolíficos de sua geração, Neige (à direita na foto acima) participou de pelo menos oito bandas associadas a diferentes espectros do metal na Europa, nas quais cantou ou tocou guitarra, baixo, bateria, ou teclado. Mas sua cria mais tenra é o Alcest, grupo que surgiu em 2001 associado ao black metal, mas que hoje é referência do shoegaze contemporâneo e recentemente lançou o ensolarado Shelter (2014), que evoca o post rock épico como base.

Responsável pelo processo de composição e por todos os instrumentos com exceção da bateria – que ficam a cargo de Jean “Winterhalter” Deflandre, tanto em estúdio como ao vivo – Neige levou o Alcest à Islândia para gravar Shelter. Mais especificamente, o Alcest foi atrás do produtor Birgir Jón Birgisson, o homem por trás da sonoridade do Sigur Rós desde Takk… (2005), e pela primeira vez se distanciou totalmente da escuridão.

O Alcest desembarca no Brasil pela primeira vez nesta semana para duas apresentações no Overload Music Fest, evento realizado no Rio (04 e 05/09) e São Paulo (06/09) com God Is An Astrounaut, Fates Warning, Swallow The Sun e a brasileira Labirinto (apenas na capital paulista; confira o serviço completo aqui).

Para marcar essa estreia em solo tupiniquim, o TMDQA! entrevistou Neige por e-mail sobre as mudanças na sonoridade do projeto, a expectativa para os shows por aqui e os planos dele para o futuro do Alcest.

Leia a entrevista na sequência!

 

Tenho Mais Discos Que Amigos: Quais foram as principais inspirações no processo de composição de Shelter?
Neige: Shelter foi inspirado pela minha relação com o mar, de um ponto de vista muito sereno e veranil. Eu diria que Shelter é um álbum luminoso. As letras falam sobre abrigos como lugares, arte, paixões, relacionamentos, etc., que nos mantém conectados com nós mesmos e nos ajudam a enfrentar as dificuldades da vida. Para mim, estar conectado à nossa essência profunda é algo primordial.

TMDQA!: Gêneros musicais como post-rock, ambient e shoegaze são frequentemente associados a sentimentos como tristeza e solidão. Shelter evoca o oposto disso. Por quê?
Neige: Eu gostaria que o álbum fosse um abrigo para as pessoas que o ouvissem. Eu sempre gostei mais da luz que da escuridão, de uma certa forma. E sempre preferi a nostalgia à tristeza – para mim a diferença entre as duas coisas é muito grande.

TMDQA!: Shelter foi gravado na Islândia, um país conhecido pelas belezas naturais e pela cena musical extremamente criativa. Você já tinha ido ao país antes? Como a Islândia influenciou a produção do disco?
Neige: Foi a primeira vez e espero que não tenha sido a última. Nós amamos o tempo que passamos na Islândia, foi como estar em um outro planeta. É difícil dizer como o país nos influenciou musicalmente. Eu diria que na Islândia nos sentimos desconectados do resto do mundo, então nossas ideias fluíam com mais liberdade do que de costume.

TMDQA!: Shelter também é um álbum mais leve que os anteriores, uma mudança que foi planejada por vocês. A intenção do Alcest é continuar nessa linha nos próximos trabalhos ou pensam em fazer algo novo?
Neige: O nosso som está sempre evoluindo, então sim, temos planos diferentes para o nosso próximo álbum. Pelas primeiras canções que escrevi, eu diria que vamos fazer algo mais sombrio e energético.

TMDQA!: Bandas que misturam elementos de black metal com post-rock, shoegaze e indie rock têm sido muito elogiadas nos últimos anos. O Deafheaven estourou com o Sunbather no ano passado, e até o Lantlôs, sua ex-banda, lançou Melting Sun, um álbum mais “leve” em 2014. Na sua opinião, misturar diferentes gêneros musicais é uma forma de bandas de metal continuarem a evoluir?
Neige: Bem, é difícil fazer algo novo musicalmente hoje em dia, porque há muitas bandas por aí. Eu acho que as bandas estão misturando gêneros diferentes sim, apesar de no meu caso não ter sido algo consciente. O Alcest soa dessa forma porque é o que sai naturalmente de mim.

TMDQA!: Como as músicas novas soam ao vivo? Muito diferentes do álbum?
Neige: As músicas de Shelter soam mais pesadas ao vivo. Desse jeito o nosso set soa mais coeso e coerente.

TMDQA!: A internet aproxima os artistas dos fãs, em várias partes do mundo. Você chegou a conhecer algum fã brasileiro pela rede? O que você sabe sobre os fãs de Alcest no Brasil e na América Latina?
Neige: Eu nunca interagi com nossos fãs brasileiros pela internet, mas eu acho que as pessoas no Brasil e na América Latina são sempre muito entusiásticas. Tenho certeza que nossos quatro shows na América Latina serão memoráveis. :)

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