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Mac DeMarco não gosta dos holofotes. O músico tenta sempre viver de modo simples e feliz, pouco ligando para a opinião alheia. Relembrado sempre pelo seu desleixado Jizz Jazz (nome que dá ao seu estilo musical), o cantor se mostra mais sábio do que nunca em Salad Days. Em seu segundo álbum de estúdio, Mac se mostra um compositor um pouco mais maduro, ao mesmo tempo em que apresenta vários riffs dançantes para suas baladas de amor.

Toda a parte musical do álbum soa praticamente impecável. A conhecida “guitarra de 30 dólares” que o cantor usa parece fazer milagres, contando com riffs contagiantes e tendo destaque na faixa instrumental “Jonny’s Oddysey”, enquanto outro grande trunfo do disco é o baixo. Todo o trabalho conta com linhas de baixo um tanto complexas que dão corpo a praticamente todas as canções, às vezes até completando alguns “vazios” deixados pela guitarra de DeMarco, como visto nas ótimas “Blue Boy”, “Goodbye Weekend” e “Brother”. Apesar disso, “Chamber Of Reflections”, mesmo sendo uma boa música, apresenta um estilo um pouco diferente do resto do álbum e parece ser a única a não encontrar bem um espaço próprio no disco.

Quanto às letras, o cantor demonstra estar muito mais sério do que em seu álbum anterior. Além de temas mais amplos como “lidar com a fama”, tratado na faixa homônima, DeMarco se aventura nas músicas amorosas. Faixas como “Let My Baby Stay” e “Treat Her Better” mostram ideias quase opostas sobre o tema, porém a faixa amorosa que realmente rouba os holofotes é “Let Her Go”. Em entrevistas, Mac havia dito que não queria ter criado a música, e só a compôs porque sua gravadora o pressionou a “ter um hit pronto para tocar na televisão”. Pois bem, a canção não só cumpre esse papel como se tornou a melhor de todo o álbum.

https://www.youtube.com/watch?v=sGFt56GSXRU

Outro ponto alto são os vocais. Vários críticos chegaram a comparar a voz de DeMarco com a de John Lennon e, após ouvir determinadas faixas do álbum, a comparação acaba se tornando perceptível e até justa.

Quem for escutar Salad Days pela primeira vez dificilmente vai acreditar que um cantor que costumava praticar o nudismo em seus shows para “relaxar a plateia” pudesse criar algo tão maduro. Mac DeMarco não sabe lidar com a fama e também não queria ser levado a sério, mas definitivamente acertou em quase todos os pontos, trazendo letras sérias com arranjos criativos. O cantor reafirma sua característica conhecida de “ser passional” e dá inúmeras dicas de amor e auto-apreciação, mostrando que não sabe falar somente de cigarros e sobre “colocar baquetas onde o sol não bate”, como visto nos trabalhos anteriores.

Várias bandas hoje em dia ficam meses em um estúdio enorme, com instrumentos impecáveis, tentando deixar o som de seus álbuns à beira da perfeição. DeMarco alcançou isso tocando uma guitarra de 30 dólares, gravando um disco inteiro dentro de seu apartamento, no Brooklyn. Isso acabou resultando em um dos grandes álbuns de 2014, que não pode de jeito nenhum passar despercebido em meio a tantos outros lançamentos. E para aqueles que escutam Salad Days até o final, Mac manda sua última mensagem:

“Hi guys, this is Mac. Thank you for joining me, see you again soon, buh-bye.”

Nota: 9/10

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