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Por Patrício Lima

Lançado seu mais novo disco solo, Modinhas, a cantora Érika Martins bateu um papo com o TMDQA! onde falou sobre a sua nova fase da carreira e anseios com seu novo trabalho.

A ex-vocalista da banda Penélope contou ainda sobre seus projetos paralelos, entre eles o Lafayette & Os Tremendões com seu marido Gabriel Thomaz (Autoramas), o sucesso de sua participação na música “A Mais Pedida” dos Raimundos, e falou sobre o atual cenário do rock nacional para vocais femininos. Para ela, “existe uma grande produção feminina, mas falta informação para as pessoas, e sobra preguiça na hora de pesquisar.”

Leia logo abaixo!

TMDQA! – Qual a principal diferença do seu novo disco Modinhas em relação aos dois primeiros álbuns solo?
Érika Martins – O primeiro disco surgiu logo após o fim da Penélope e eu queria uma mudança, uma ruptura, ele é mais cru e bem diferente de tudo que eu havia feito.
O segundo, Curriculum, foi uma compilação de tudo que eu tinha gravado e estava nos discos de outros artistas ou projetos especiais. Foi uma edição comemorativa de 10 anos de carreira. O Modinhas é muito a minha cara, fiz a pré-produção e alguns arranjos em cima da guitarra e mil efeitos. O produtor do disco, Felipe Rodarte, sugeriu também que trabalhássemos tons mais graves, o que deu um novo colorido. São várias bandas, composições diferentes por faixa, isso deu uma textura bem única.

TMDQA! – Pode nos contar um pouco das participações especiais e seu processo de produção?
Érika – Tivemos bandas e artistas diferentes em cada faixa: Nevilton, Autoramas, Perrosky (duo chileno), Otto, João Viana, Humberto Barros, além da minha própria banda (Ale de Moraes, Kiko Ramos e Fred). Isso trouxe um movimento bem bacana ao redor do disco, você consegue ouvir essa mobilidade, ao mesmo tempo que a voz faz a linha condutora.

TMDQA! –  E de onde surgiu o nome “Modinhas”?
Érika – A Modinha é considerada por muitos historiadores como a primeira música genuína civilizada brasileira. A Moda chegou com a corte e aqui, nas ruas, foi se transformando e virou Modinha. Agora todo mundo só fala da influência da música brasileira na cultura portuguesa, achei bacana pensar no início e na volta disso. Já estava compondo para um disco novo, “Memorabília” foi a primeira a aparecer. Conversando com a Constança ( diretora artística do selo Toca Discos) ela disse que havia lido sobre Modinhas e achou o termo muito a minha cara. Fomos pesquisar e me apaixonei pelo estilo, que estava super esquecido.

TMDQA! – Você ainda é muito lembrada pelos vocais em “A Mais pedida”, música gravada pelos Raimundos?
Érika – As pessoas pedem muito ela nos shows e acho divertido fazer versões. O Fred (ex-Raimundos) está tocando comigo e sempre fazemos alguma brincadeira quando o povo pede!

TMDQA! – Você e o Gabriel (Autoramas) dão pitacos um na carreira do outro? Como é essa relação familiar e profissional?
Érika – Claro, sempre pedimos a opinião do outro e conversamos muito. Além disso, tocamos juntos no projeto “Lafayette & Os Tremendões”.

TMDQA! – A carreira solo aconteceu de forma planejada ou foi algo natural após o término da Penélope?!
Érika – Eu resolvi acabar com a Penélope porque queria fazer algo menos adolescente e não tinha sentido permanecer com um nome só porque funcionava. Quando parti para a carreira solo, em 2004, dei um nome para a banda que me acompanhava – Telecats, por isso “Érika Martins e Telecats”.

TMDQA! – Você conseguiria definir o som feito por Érika Martins?
Érika – Não. Faço do meu jeito, não sigo regras, só a minha verdade. Acho que por isso sempre escuto que é original, único e que tenho assinatura, algumas pessoas vêm me dizer que ouvem no rádio e na hora sabem que sou eu. Em tudo na vida o mais importante é ser você, não tentar copiar. É bem óbvio, mas a vida é tão curta pra se enganar.

TMDQA! – Quais as influências que te guiam atualmente?
Érika – Escuto muitas coisas, mas não tenho nada que seja influência direta, pode acontecer indiretamente, é claro. Tenho escutado muito El Mato un Polícia Motorizado, Perrosky, Julieta Venegas.

TMDQA! – Como acontece seu processo de composição?
Érika – Não tem regra, é muito louco! (Risos) Pode vir a letra primeiro ou a melodia ou os dois juntos ( como foi o caso de “Memorabília”). Às vezes é rápido, em minutos, outras vezes demoro meses para terminar uma canção. Normalmente é bem sofrido!

TMDQA! – Você acha que o rock nacional está orfão de vocais femininos?! Caso sim, por quê?
Érika – Não. Acho que o rock brasileiro sempre teve uma tradição imensa de cantoras, desde Celly Campello, Wanderlea, Lilian, waldirene, Silvinha, Rita Lee, Vange Leonel, Paula Toller, Fernanda Takai. É só pesquisar, todos os dias recebo um monte de músicas pela internet ou CDs nos shows de bandas bacanas com meninas. Acho que algumas pessoas têm preguiça de procurar, querem o fácil, e hoje o fácil está lamentável, o que toca na maioria das rádios e/ou tvs é puro jabá e cafonice, com raríssimas e louváveis exceções!

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