Cpm 22 - Acústico

Cpm 22 - Acústico

Uma banda de verdade pra tocar.

Com quase vinte anos de estrada, não tem como negar que o CPM 22 é uma banda de verdade. E o álbum Depois de Um Longo Inverno de 2011 mostrou que eles estavam mais vivos e criativos do que nunca. O anúncio de um projeto acústico em 2012 deixou os fãs com grandes expectativas, que felizmente não foram frustradas com o lançamento do CD e DVD CPM 22 – Acústico no fim de outubro deste ano.

Logo na primeira faixa (“Não Sei Viver Sem Ter Você”) vemos o quanto Badauí, Luciano e Japinha estão ensaiados e entrosados. Heitor, baixista da banda há pouco tempo, demonstra intimidade com qualquer uma das canções do CPM. Phil Fargnoli, ex-guitarrista do Dead Fish e músico convidado, se mostra bastante à vontade tanto no papel de violonista solo quanto fazendo as bases e vocais de apoio. A única estranheza em primeiro momento é o vocalista Badauí cantar de pé, coisa pouco comum em um acústico.

Desconfio”, “Vida Ou Morte”, “Irreversível”, “Tarde de Outubro”, “Dias Atrás” e “O Mundo Dá Voltas” fazem parte do repertório esperado, todas muito bem executadas e especialmente arranjadas para a ocasião. A ausência de outros grandes sucessos como “Inevitável”, “Apostas e Certezas” e “Hospital do Sofredor” pode até fazer falta, mas no decorrer da apresentação percebe-se que o setlist estava recheado se surpresas. “Derrota e Glória”, última inédita lançada pela banda antes do acústico e esperada por muitos neste novo álbum, também não se fez presente.

As gratas surpresas vieram com as novas “Por Nós 3”, “Pra Sempre”, “Tony Galano” e “Perdas” (primeiro single do acústico), sendo estas duas últimas as melhores inéditas. Além disso, “Pra Sempre” é tocada com muita emoção por Luciano, que compôs a música em homenagem à sua falecida irmã. É certeza que a faixa também tocou os corações de muitos outros que tiveram uma perda semelhante. As românticas “O Chão Que Ela Pisa”, “Nossa Música”, “A Cura” e “1000 Motivos” parecem ter sido concebidas para a versão desplugada de tão boas que ficaram. Vai ser até difícil lembrar de “1000 Motivos” (uma das melhores do álbum) em sua forma original.

A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum” é um dos momentos mais emocionantes do registro. A melhor música do CD homônimo e independente de 2000 deixa todos com o coração na mão. É a primeira vez que a tocante faixa é tocada em um DVD ao vivo do grupo. “CPM 22”, canção do último álbum de estúdio que conta um pouco da história da banda, também comove, principalmente aos presentes na gravação do acústico, que foram presenteados com uma chuva de papeizinhos que continham rascunhos originais das letras de músicas do quarteto paulistano. Não tem como não amar os caras.

A participação especial de Dinho Ouro Preto em “Um Minuto para O Fim do Mundo” mostrou a moral que tem o CPM 22. Dinho foi o único dos músicos convidados que nunca havia gravado com a banda. Os demais (Fernando Bastos, Paulo Viveiro, Tiquinho e Daniel Ganjaman) formam o “time de peso”, como são anunciados por Badauí. Grandes músicos fazendo uma excelente apresentação.

A presença de “Vai Mudar?”, “Sofridos e Excluídos” e “Sonhos e Planos” mostraram que todos os álbuns da banda foram revisitados antes da montagem do repertório final, que ficou balanceado, não pendendo para nenhum trabalho específico. A última faixa não podia deixar de ser “Regina Let’s Go”, música que costuma encerrar as apresentações ao vivo do CPM 22.

O making of do DVD dá mais valor ao trabalho, por mostrar quão grandiosa foi a produção e todo o capricho da direção. Coisa de cinema. No making of é revelado o motivo de Badauí cantar em pé (coisa que deixa de ser estranha depois das duas primeiras músicas), a escolha de “Um Minuto para O Fim do Mundo” por Dinho Ouro Preto, os ensaios com Phil e toda a tensão e ansiedade antes da gravação. A imagem de todos os integrantes é a de caras legais, que não fazem pose de rockstars.

No encarte do CD são encontradas as letras das quatro músicas inéditas. O tracklisting no verso do álbum ficou bem bonito e só a arte do título na capa não agrada muito, mas isso acaba sendo irrelevante. Um ponto negativo é a comercialização do CD e do DVD de forma separada, não havendo como comprar os dois como um só produto.

Um projeto acústico de um grupo de hardcore pode até não empolgar muito, mas a força dos sucessos do CPM 22 faz do álbum um grande prazer. Pra quem curtia banda nos seus anos de maior glória, o disco é nostálgico. Pra amantes da música, é rock muito bem tocado e muito bem produzido. Pra quem nunca deixou de acompanhá-los, é mais um grande disco de uma banda de verdade.

Nota: 8,5/10

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