Em Transe

Quebrando a rotina dessa coluna para falar do novo filme de um cineasta que creio que muitos leitores do TMDQA gostam: Danny Boyle.

O britânico fez história nos anos 90 com seu “Trainspotting” e também assina os elogiados “Quem quer ser um milionário?” e “127 horas” (e um bando de filmes de gosto duvidoso). Ele volta aos cinemas brasileiros na próxima sexta-feira (03/05), com seu novo filme chamado “Em Transe”.

O filme conta a história de Simon, vivido por James McAvoy (Desejo e Reparação, X-Men First Class), um funcionário do setor de segurança para leilões de obras de arte que se vê envolvido no roubo de um quadro de Goya pelo grupo de Franck (o sempre ótimo Vincent Cassel). Após algo sair errado (afinal, algo sempre sai errado) quem tem a chave para resolver o mistério é uma especialista em hipnose vivida por Rosario Dawson (À prova de morte, Sin City).

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Convenhamos, é uma idéia bacana. Fora que é a oportunidade de ver como um diretor que trata de histórias com momentos surreais (vide os filmes citados acima) com uma história completamente assim nas mãos. Tinha tudo para ser fantástico. E não é. Infelizmente não é.

Talvez na busca por uma realismo no meio da trama, o cineasta optou por manter longos diálogos que literalmente explicam o filme enquanto ele acontece. Isso dura quase metade no filme e deixa uma sensação de que ele não acredita que a história se sustenta sozinha e que você, espectador, não consegue captar aquilo.

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Da metade pro fim, o filme muda completamente, deixa de ser um “A Origem” da hipnose para cair de cabeça numa viagem completamente surrealista. E fica bem mais interessante, apesar de em momentos beirar o… bizarro. Um bizarro que você não sabe bem se foi positivo, mas que gera um incômodo necessário, tipo os filmes do Paul Verhoeven lá do início dos anos 90. Com violência gráfica, nudez e tensão.

Mesmo com erros de dosagem do bizarro e o excesso de explicações, é uma das tramas mais interessantes do cinema ocidental dos últimos anos, junto do citado filme do Nolan.

Paprika, de Satoshi Kon

Sim, do ocidental. Lá nas bandas do oriente, esse tipo de trama já foi criada (e com mundo mais sucesso). Destacaria aqui um filme que parece em muitos momentos uma referência para ambos, “Paprika” de Satoshi Kon. Esse filme investiga o universo do inconsciente com uma liberdade que o cinema ocidental, mesmo com cineastas corajosos, ainda não tiveram a coragem de explorar.

Mas vale gastar seu dinheiro, sair da sua casa, comprar uma pipoca e pagar ingresso caro. Nem que seja pela fotografia caprichada, pelas ótimas cenas de correria (e se você já viu “Trainspotting”, sabe que ele faz bem isso) e pela belíssima arte nos créditos.

Será que uma versão nacional teria o Fábio Puentes? “DORMEDORMEDORME”

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