Nem só em ritmo de rock bate o nosso coração. Nós amamos música. Aquela que mexe com o coração, feita com sinceridade, não necessariamente com estilos.

Por isso começamos hoje uma nova área aqui no site, a TMDQA/MPB que vai focar nas múltiplas manifestações da nossa música popular no passado, no presente e no que achamos que será o futuro dela.

Mariene de Castro

Para começar vamos explorar um pouco do samba, nos terreiros e rodas da Bahia, de onde surge a inspiração da baiana Mariene de Castro que incorpora – com seu estilo e força – uma das figuras mais imponentes da música nacional: a guerreira, Clara Nunes em um DVD recém-lançado.

No ano que se completam 30 anos de sua morte, Clara Nunes, da mineira mais baiana e apaixonada pelo Rio, ressurge na voz de Mariene de Castro no emocionante registro “Ser de Luz”, produzido pela Universal Music e pelo Canal Brasil. Com a participação especial de Zeca Pagodinho (“Coisa da Antiga”) e Diogo Nogueira (“Juízo Final”), além de um coro de backing vocals classudo formado pelas pastoras da Velha Guarda da Portela, Mariene de Castro surge imponente, com uma voz poderosa em grandes canções do repertório da Guerreira, que passeiam desde João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro até Chico Buarque, passando por Paulinho da Viola e Candeia.

Segundo a cantora, em conversa com o TMDQA, o processo de produção surgiu de um convite, mas que parecia estar sendo planejado há anos, pelos vários convites para cantar canções do repertório de Clara pelos anos, mas que se aprofundou, num mergulho profundo ao morar com sua banda por mais de um mês, num processo de gestação do projeto. Projeto que ela repetiria com a obra de outros artistas, como por exemplo a do rei do baião, Luiz Gonzaga.

O processo de se isolar do mundo para criar gerou grandes discos, de todos os gêneros, e pareceu necessário para que a identidade de Clara surgisse sem ofuscar uma das principais características da música de Mariene de Castro: o samba de roda. Esse estilo, que está na vida de Mariene desde nova, é uma das suas maiores influências desde o seu primeiro disco “Abre Caminho” onde quase todo o repertório são canções do mestre baiano Roque Ferreira.

O samba de roda, com seus versos curtos e ritmados, surgiu de variações dos cantos do candomblé no recôncavo baiano e foi uma das influências para o surgimento do samba carioca, seja no terreiro de Tia Ciata e de Donga gravar “Pelo Telefone”. E é com reverência e respeito que Mariene evidencia a baianidade na música da mineira Clara Nunes, com foco na religiosidade e em canções que se tornam quase mantras.

Ao encerrar o show com “Um Ser de Luz”, homenagem de João Nogueira à Clara, Mariene reverencia o passado, que sempre trouxe em sua obra, para construir uma história pro futuro, “onde o samba seja lembrado pelas suas raízes”, diz ela.

Ao ser perguntada se ela tinha mais discos que amigos, como a gente, ela sorriu um sorriso largo desses que só os baianos tem e dzque tem mais amigos que discos, e se alegra disso, pois ela tem com quem escutar.

A cada palavra se sentia o gosto de quem ama o que faz, e de uma verdade no que diz e no que sente. Isso torna o trabalho mais belo, mais digno de respeito. Pois a verdadeira arte é aquela que se vê o coração. As canções de Mariene brilham com a luz de Clara.

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