Vazou! Gary Clark Jr., Jake Bugg, Graveyard

Vazou! Gary Clark Jr., Jake Bugg, Graveyard

Gary Clark Jr. – Blak and Blu

Finalmente chega aos nossos ouvidos Blak and Blu, o álbum de estreia do bluesman e guitar hero Gary Clark Jr. Após o lançamento do EP Bright Lights em 2010, Gary foi elevado ao status quase divino, tratado como o “salvador” da música feita com guitarras, e por muito tempo foi a atração de abertura da turnê de ninguém menos que Eric Clapton – inclusive nos shows de Clapton no Brasil em 2011. Toda essa admiração se transformou em expectativa para Blak and Blu, álbum de estreia de Gary por uma grande gravadora.

Blak and Blu comprova o talento excepcional de Gary Clark Jr. como guitarrista, além de mostrar um compositor e um vocalista versátil e maduro. Além do blues roqueiro com levadas de soul e hip-hop que já conhecíamos, o álbum traz Gary explorando trilhas mais calcadas no pop, o que por um lado agrada pela versatilidade, mas em alguns momentos chega a incomodar pela distância da sua sonoridade tradicional.

O flerte de Gary Clark com o pop já fica evidente em “Ain’t Messin Round”, faixa de abertura do disco. Com bons timbres de guitarra, a música não chega a decepcionar, mas não tem o impacto de outros grandes momentos do álbum, como “When My Train Pulls In” (que solos!), “Glitter Ain’t Gold”, a balada soul “Please Come Home” ou o segundo single do disco, “Numb”, um blues arrastado que transborda fuzz. Outro destaque é “Third Stone From The Sun/If You Love Like You Say”, que conta com uma releitura da clássica faixa de Jimi Hendrix, que aqui soa ainda mais suja que a original.

Mas faixas como “Blak and Blu” e a fraquíssima “The Life”, excessivamente previsíveis e comerciais, tiram um pouco do brilho do disco, além de se mostrarem dispensáveis. Afinal, a versão normal do disco – sem as duas faixas bônus da versão deluxe – tem mais de uma hora de duração. Com um filtro um pouco mais fino, Blak and Blu poderia ser um novo clássico do blues. Infelizmente não é.

Nota: 7,5

Jake Bugg – Jake Bugg

Basta surgir um compositor adolescente com um gosto musical distante do pop-eletrônico-chiclete dominante das FMs, e pronto: ele é automaticamente tratado como Jesus Cristo ressucitado. Se bradar um violão então, é questão de minutos para ser comparado com Bob Dylan.

Essa história se repetiu com o surgimento de Jake Bugg, inglês de 18 anos que liderou as paradas inglesas na última semana com Jake Bugg, seu álbum de estreia. Além de Dylan, Bugg é comparado também com Alex Turner, líder e principal compositor do Arctic Monkeys. Ambas comparações têm certo fundamento, mas carecem de propósito e objetividade.

O folk dos primeiros anos de Dylan está aqui? Sim. A influência do rock inglês moderno, liderado pelo Arctic Monkeys? Também. Mas a maior qualidade do álbum é revelar Jake como um bom compositor por conta própria, ainda mais pela idade que tem e pelos pouquíssimos anos de carreira.

Enquanto faixas como “Two Fingers”, “Broken” e “Someplace” mostram maturidade, outras como o carro-chefe “Lightning Bolt” e “Simple As This” ainda soam muito como as influências do jovem. Jake Bugg precisa de muito tempo e muita experiência para – quem sabe – se revelar um novo ícone da música inglesa. Mas começou bem, muito bem.

Nota: 8

Graveyard – Lights Out

Quando conheci o Graveyard, gostei. Mas sempre me pareceu algo estacionado no tempo, transportado diretamente dos anos 70 para cá. Não que isso seja ruim, afinal Hisingen Blues (2011) é um ótimo disco. Mas sempre senti que faltava uma dose de originalidade, de novidade no som da banda. Lights Out, o terceiro do quarteto sueco, veio para mudar isso.

O álbum é simplesmente excepcional, e imprescindível para quem gosta de blues, rock setentista, heavy metal clássico, ou simplesmente rock n’roll cru, básico e pujante. Lights Out começa com a pesada “An Industry of Murder” que, seguida pela maravilhosa “Slow Motion Countdown”, acaba relegada apenas a uma introdução do disco.

“Slow Motion Countdown” é talvez a melhor música da carreira do Graveyard até agora. O começo lento e soturno aos poucos se transforma em um blues angustiado e épico, através de um crescendo capaz de causar arrepios. A produção da faixa é perfeita, e é impossível não prestar atenção ao vocal impecável do guitarrista e vocalista Joakim Nilsson, que mostrou um amadurecimento técnico impressionante neste disco.

Para os fãs do lado mais agitado do Graveyard, destacam-se os riffs de “Goliath”, o vocal mais uma vez primoroso de “Fool In The End”, e “Endless Night”, que ganhou um belo videoclipe recentemente (assista abaixo). Lights Out retorna ao blues na última faixa, “20/20 Tunnel Vision”, que encerra o álbum em apenas 36 minutos. A curta duração parece frustrante à primeira audição, mas ao mesmo tempo permite maior dedicação às nove faixas, que logo tornam-se familiares.

Sem perder sua principal característica, o rock sujo e denso dos sois primeiros álbums, o Graveyard conseguiu se renovar e soar melhor e mais forte do que antes – coisa rara de se ver em qualquer banda, de qualquer estilo, em qualquer época.

Nota: 9

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